Análise MT: No morde e assopra, Trump, Fed e o mesmo barco
A relação de Donald Trump com o Federal Reserve é similar a relação entre uma criança e um adulto. A diferença entre Trump, que chora e reclama ao mesmo tempo, e a de Powell, sereno e tranquilo, é nítida. O corte necessário entre Wall Street e o Fed, assim como El-Erian falou, já passou da hora de acontecer.
Os gritos no Twitter do presidente não surtem efeitos, simplesmente ecoam ao ar, como um desespero em relação ao despreparo. É mais fácil fazer televisão, demitir trainees e comandar uma multinacional qualquer, do que lançar diretrizes econômicas e geopolíticas para uma potência como os EUA.
Mais difícil seguir carreira acadêmica, ser nomeado integrante do Federal Reserve, estar em um Board of Governors, e ditar os rumos da política monetária em meio ao maior salto de volatilidade da história. Apesar que, estar do alto de uma autarquia, sem correr riscos reais, atrapalha a noção de realidade – geralmente não compreendida por acadêmicos “virgens”.
A política monetária que, de certa forma subvencionada ao mercado, está atenta (por mais que a mensagem seja “não estar de olho”) às mesas proprietárias de tesouraria dos grandes bancos internacionais, dentro da guerra comercial ocorrida em New York, London, Frankfurt, Tokyo e Xangai: todos pensando em como desvendar os próximos passos dos 90 dias prometidos entre os 11 mil quilômetros que separam China e EUA.
A ponte entre a independência privada do Federal Reserve e a idiossincrasia pública de Trump é estreita para o lado daqueles que fizeram mais. Mais pelo país, público, não por interesses privados, do Texas.
Porque quando se está no mar, ao léu, melhor confiar na bússola preparada e no rádio de telecomunicação, do que na intuição de um marinheiro de primeira viagem (possivelmente de partida em 2020).