Combustíveis

Análise-Mercado do petróleo enfrenta estrada sinuosa com desgaste de amortecedores de choque

27 jan 2022, 16:39 - atualizado em 27 jan 2022, 16:39
Alguns analistas disseram que até o meio do ano a capacidade não utilizada pode estar tão reduzida quanto em 2008 (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

Um aumento na produção de petróleo dos países produtores que lucram com petróleo caro reduziu a reserva de capacidade ociosa que protege o mercado de choques repentinos e aumentou o risco de aumentos de preços ou até escassez de combustível.

Alguns analistas disseram que até o meio do ano a capacidade não utilizada pode estar tão reduzida quanto em 2008, quando os contratos futuros internacionais de petróleo atingiram seu recorde histórico acima de 147 dólares o barril.

Normalmente, os maiores produtores, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, têm capacidade que podem aproveitar com relativa rapidez para adicionar petróleo extra e acalmar a volatilidade dos preços caso uma guerra ou um desastre natural cause uma queda repentina na oferta.

Sem essa flexibilidade, os consumidores podem ficar expostos a choques de preços e escassez de combustível.

Na semana passada, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) disse que a capacidade ociosa poderia cair pela metade para 2,6 milhões de barris por dia (bpd) no segundo semestre do ano.

“Se a demanda continuar a crescer fortemente ou a oferta decepcionar, o baixo nível de estoques e a redução da capacidade ociosa significam que os mercados de petróleo podem enfrentar outro ano volátil em 2022”, disse a IEA.

A agência define a capacidade ociosa como a produção que pode ser aproveitada em 90 dias e sustentada por um período prolongado, enquanto a Administração de Informação de Energia (AIE) a considera como o volume que pode ser alcançado em 30 dias e sustentado por pelo menos 90 dias.

O banco vê níveis este ano em cerca de 2% do tamanho do mercado de petróleo (Imagem: REUTERS/Henry Romero)

A AIE prevê capacidade ociosa em média de 3,9 milhões de bpd em 2022, ou 3,9% da demanda global, acima da média de 2012-2021, e diz que isso “será mais do que suficiente para atender à demanda adicional, mesmo que o consumo exceda nossa expectativa”.

Vários analistas, no entanto, dizem que a capacidade ociosa detida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) é muito menor do que os números da IEA e a AIE, que dizem subestimar a taxa natural de declínio em alguns dos campos petrolíferos dos produtores

O Goldman Sachs (GS) espera que a capacidade ociosa da Opep+ caia para 1,2 milhão de bpd no verão do hemisfério norte, quando a temporada verão nos EUA aumentará a demanda.

O banco vê níveis este ano em cerca de 2% do tamanho do mercado de petróleo, semelhante a 2008, quando o petróleo Brent atingiu um recorde de 147 dólares o barril, impulsionado pelo ‘boom’ do consumo chinês.

Se essas previsões estiverem corretas, uma paralisação da produção na Líbia, membro da Opep, por exemplo, pode ser suficiente para usar toda a capacidade ociosa.

Nos últimos anos, a agitação na Líbia reduziu sua produção em 1 milhão de bpd por longos períodos de tempo.

Por enquanto, sua produção é de cerca de 1,2 milhão de bpd, em comparação com uma máxima pré-2011 de 1,6 milhão de bpd.