Análise global sobre moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs)
Inovações financeiras modernas e digitais — o surgimento do dinheiro eletrônico (“e-money”) — trouxeram à luz as deficiências nos atuais sistemas monetários e de pagamentos.
Além disso, o surgimento de criptoativos e stablecoins privadas, principalmente do bitcoin em 2008 e da Libra em 2019, provocaram um intenso debate sobre o papel e a autoridade dos bancos centrais; alguns até especulam sobre uma futura mudança de paradigma financeiro em todo o mundo.
O whitepaper, elaborado pela KPMG e Blockset, examina o crescimento da literatura sobre moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) entre bancos centrais e organizações internacionais, junto com entrevistas realizadas pelo The Block Research com diversos acionistas, para apresentar uma visão global sobre CBDCs hoje em dia: explorar o histórico, as motivações, os designs iniciais e técnicos e as implementações das propostas mais avançadas de CBDCs do mundo.
O propósito desse whitepaper, escrito por profissionais e entusiastas, é apresentar uma perspectiva global sobre o estado dos desenvolvimentos de CBDC até hoje.
Conforme cada vez mais países começam a explorar as opções de criptomoedas e bancos centrais intensificam seus experimentos-piloto com CBDCs, nossa esperança é que esse documento possa servir como uma fonte valiosa para todos os acionistas que estão se coordenando para solucionar esse quebra-cabeças multidimensional.
Anexa está uma análise do crescimento da literatura sobre CBDCs entre bancos centrais e organizações internacionais, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Embora não seja abranja completamente cada iniciativa global, o whitepaper se propõe a apresentar o panorama mais atualizado das propostas de CBDCs anunciadas publicamente, incluindo aplicações tanto no varejo como no atacado.
Questões relacionadas a políticas monetárias, estabilidade financeira, considerações políticas, dentre outras, foram propostas ao longo de toda a literatura de CBDCs e estão além do escopo do relatório.
Principais descobertas e temas de entrevista do relatório incluem:
– Embora apenas alguns bancos centrais estejam propensos a progredir na implementação completa e emitir uma criptomoeda nos próximos cinco anos, diversos já finalizaram ou estão no processo de iniciar programas-piloto avançados.
– Reformular o dinheiro para que se torne nativo digitalmente fornece um amplo conjunto de oportunidades, desde a eficácia de transações à programabilidade de ativos. Porém, ainda não se sabe qual é o verdadeiro apetite entre reguladores e banqueiros centrais. Assim, o progresso público continuará a avançar de forma metódica, porém lenta. Enquanto isso, a indústria de criptoativos fornece uma alternativa de baixo risco relativo para a geração de ideias e experimentações diretas.
– Os primeiros pilotos de CBDC ao varejo ensinou aos acionistas que a participação do mercado privado é necessária para manter a competitividade e a adaptação à mudança tecnológica. Além disso, jurisdições forneceram um claro caminho legislativo para a implementação de projetos, criando sandboxes regulatórios para testar pilotos de forma autorizada. O sucesso desses pioneiros é uma prova à importância de parcerias públicas e privadas.
– Grande parte das propostas de CBDCs mantêm a arquitetura de um sistema monetário dualista que surgiu em economias ocidentais mais avançadas. Bancos centrais acreditam que é relativo desintermediar as instituições financeiras, optando, em vez disso, pela utilização estratégica de intermediários licenciados para avaliar os processos de ciclo de vida das CBDCs; geralmente, esses agentes não incluem apenas bancos comerciais tradicionais, mas também fornecedores de serviços não bancários.
– Nos últimos cinco anos, a visão dos banqueiros centrais sobre CBDCs evoluiu para se tornarem mais aceitantes da inovação colaborativa, principalmente do ponto de vista da pesquisa conjunta e do compartilhamento de conhecimento. Em termos de implementação, o desafio não é necessariamente a tecnologia, e sim o pré-requisito da coordenação social entre todos os acionistas, bem como das disputas sobre questões políticas essenciais em relação ao design e à governança de CBDCs.
– Um equívoco comum sobre CBDCs é que a privacidade não pode existir enquanto transações são realizadas. Recentemente, um principal banco central explorou a anonimidade de CBDCs com principais empresas de tecnologia de registro distribuído (DLT); juntos, testaram uma nova prova de conceito (PoC) usando “vouchers de anonimidade”. Essa PoC anonimizou, com sucesso, transferências com CBDCs em um ambiente de registro distribuído.
– Stablecoins emitidas pelo setor privado e CBDCs não são contradições, e sim complementos desde o início; ambas precisam de redes financeiras confiáveis, seguras e complacentes com regulamentações para fornecer suporte a criptoativos. Caso uma proposta de CBDC para o varejo envolva a tokenização de ativos usando uma criptografia de chaves privadas/públicas, a atual infraestrutura de mercado para criptoativos (carteiras, corretoras, custodiantes, fornecedoras de stablecoins etc.) provavelmente teria um papel fundamental.
O documento é dividido em cinco partes:
Parte 1 — explora as lições aprendidas com os primeiros pilotos realizados com CBDCs para o varejo;
Parte 2 — examina os atuais pilotos com CBDCs para o varejo nas Bahamas e no Caribe, com foco no caminho à implementação;
Parte 3 — fornece um resumo histórico dos maiores pilotos públicos de CBDC para o atacado e possíveis oportunidades entre acordos interbancários e pagamentos internacionais;
Parte 4 — fornece uma perspectiva atual sobre o sistema da “Moeda Digital/Pagamento Eletrônico” (DCEP) da China;
Parte 5 — fornece uma breve análise sobre outros desenvolvimentos com CBDCs em economias avançadas.