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Análise: Entenda finalmente por que os governos passaram a considerar ter reservas de bitcoin (BTC)

29 maio 2025, 13:24 - atualizado em 29 maio 2025, 13:24
(Imagem: Freepik/sentavio)

Depois que os Estados Unidos anunciaram a criação de uma reserva estratégica em bitcoin (BTC) e outros ativos digitais, outros países — inclusive o Brasil — também passaram a analisar a ideia de manter a maior criptomoeda do mundo como um ativo em seus cofres. 

De acordo com um estudo feito pela Chainalysis, empresa especializada em análises on-chain de criptomoedas, esse interesse cresceu especialmente após um abalo nos ativos antes considerados seguros. 

“Ativos de reserva tradicionais como ouro e dólar americano estão se tornando mais politicamente emaranhados e sujeitos à influência externa”, comenta a postagem da empresa. 

A Chainalysis destaca que nações que lutam contra a instabilidade econômica ou buscam maior autonomia monetária, o bitcoin (BTC) está emergindo como uma alternativa promissora — “embora experimental”, concluem. 

Ter bitcoin (BTC) nas reservas é ser pragmático

Além disso, se os governos começarem a deter bitcoin, isso poderá legitimar ainda mais a classe de ativos digitais e fomentar uma adoção institucional mais ampla, diz o estudo. 

Contudo, diferentemente do que possam pensar os entusiastas do mercado cripto, isso nada tem a ver com uma potencial extinção dos bancos centrais, como pregam alguns dos “evangelizadores” do bitcoin. 

“Para muitos países, a mudança é menos sobre fazer uma mudança monetária radical e mais sobre diversificação pragmática”, diz o estudo da Chainalysis.

“A exposição ao bitcoin pode oferecer uma maneira estratégica de reduzir a dependência de reservas baseadas em dólar ou ativos vinculados à commodity”.

Reserva estratégica dos Estados Unidos

Em março deste ano, os Estados Unidos se tornaram o primeiro país economicamente relevante a adotar o bitcoin como um ativo de reserva por meio de uma ordem executiva do presidente do país, Donald Trump.

A senadora republicana, Cynthia Lummis, uma das vozes ativas pró-reserva de bitcoin, apresentou um projeto de lei batizado de Bitcoin Act 2025, no qual o Tesouro norte-americano deverá adquirir 200 mil unidades de BTC por ano durante um período de cinco anos. No fim, portanto, o órgão terá a posse de um milhão de bitcoins. 

Contudo, o projeto de lei ainda precisa ser aprovado pelo Congresso americano. No caso da ordem executiva de Trump, a reserva será composta pelos bitcoins detidos pelo governo por meio de processos legais ou investigações criminais.

Em outras palavras, em vez de leiloar as criptomoedas (como era a prática padrão), o governo agora manterá o bitcoin como um ativo estratégico.

Bitcoin como “estratégia de guerra”

Na visão dos analistas da Chainalysis, existem uma série de mecanismos do Tesouro — como transferências internas ou realocação — a reserva estratégica norte-americana será “neutra” em termos orçamentários, algo que tem sido um problema para os EUA

Assim, o Departamento do Tesouro consolidará todo o BTC perdido de agências do governo federal em uma única reserva centralizada.

“Essa abordagem satisfaz múltiplos objetivos: mantém a exposição a uma classe de ativos digitais em maturação, evita as consequências políticas de aquisições financiadas por contribuintes e reforça a liderança dos EUA em blockchain”, comentam. 

Do mesmo modo, a China também acumulou um volume significativo de criptomoedas apreendidas — estimado em US$ 50 bilhões em 2023 — e está supostamente avaliando como gerenciar esses montantes.

No entanto, a falta de uma política nacional unificada para apreensões de criptomoedas no país faz com que autoridades provinciais lidem com esses ativos de forma independente. Frequentemente, as participações são vendidas por meio de corretores privados, com pouca transparência ou coordenação.

“Uma mudança em direção a uma política nacional coordenada poderia indicar significativamente uma evolução de sua postura mais ampla em relação aos ativos digitais em nível estatal”, dizem os analistas. 

Essa abordagem fragmentada gera preocupações sobre corrupção, perda de valor a longo tempo e falta de uma estratégia coerente.

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É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
renan.sousa@moneytimes.com.br
É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
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