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Análise de preço do bitcoin (BTC) — parte 1: queda de 21% nas próximas semanas?

17 jul 2020, 9:29 - atualizado em 11 set 2020, 9:11
Aspectos técnicos para o par BTC/USD indicam uma mudança positiva de tendência, pois o preço à vista está acima da MME de 200 dias e da Nuvem. US$ 8,1 mil é um importante nível de suporte, junto com a Nuvem e cruz Kijun a US$ 7,2 mil. A resistência superior está próxima ao pivô anual de US$ 13 mil. Nas próximas semanas, pode acontecer uma tendência negativa de ponta a ponta na Nuvem diária, com um preço-alvo de US$ 7,2 mil (Imagem: Crypto Times)

A capitalização de mercado do bitcoin (BTC) é de US$ 168,1 bilhões, em que US$ 2,23 bilhões foram negociados nas últimas 24 horas. Atualmente, o preço à vista caiu 55% de sua alta recorde de dezembro de 2017, mas está 130% acima das baixas de março de 2019.

A rede BTC é assegurada pelo algoritmo de consenso SHA-256. Tanto a taxa de hashes como a dificuldade da rede tiveram novos recordes de alta nos últimos dois anos (gráfico abaixo). 

(Imagem: BitInfoCharts)

O intervalo médio entre blocos está em cerca de dez minutos (gráfico abaixo), após um recente ajuste de dificuldade de mais de 15%. O próximo ajuste de dificuldade acontecerá daqui a dez dias, com uma variação de mais de 7,5%.

(Imagem: BitInfoCharts)

A dificuldade da rede é ajustada a cada 2.016 blocos. Conforme a taxa de hashes diminui antes de um ajuste de dificuldade, o intervalo entre blocos aumenta. Se a taxa de hashes aumenta antes de um ajuste de dificuldade, o intervalo entre blocos diminui.

O ajuste de dificuldade visa um intervalo entre blocos de dez minutos. Historicamente, por conta do contínuo aumento na taxa de hashes, o intervalo médio entre blocos esteve nessa faixa.

Após o terceiro halving do Bitcoin em maio deste ano, evento que diminuiu pela metade a recompensa por bloco dada a mineradores, a inflação da rede agora está próxima de 1,80%. A inflação foi definida para diminuir, de forma gradual, ao longo do tempo.

Estima-se que o próximo halving aconteça em junho de 2024.

(Imagem: Twitter/bashco_)

23 novos chips de circuitos integrados de aplicação específica (ASICs) para SHA-256 foram lançados em 2019, em que dois foram lançados pela Bitmain em dezembro.

Neste ano, mais cinco ASICs foram lançados, o que pode explicar o contínuo aumento na taxa de hashes durante o início de 2020. Dois outros ASICs serão lançados em outubro.

Atualmente, as máquinas de mineração mais rentáveis são os modelos S19 Pro e T19 da série Antminer da Bitmain e M30S da série Whatsminer da MicroBT.

Fontes de energia renovável em todo o mundo, incluindo energia hidrelétrica e geotermal, fazem com que os custos de energia para grande parte das fazendas de mineração estejam em US$ 0,04 kilowatt por hora (kWh) ou menos.

Atualmente, 46% de todos os ASICs para o algoritmo SHA-256 não são rentáveis a esse custo de eletricidade. Se, de repente, os custos de eletricidade aumentarem ou o preço do bitcoin cair, cada vez mais ASICs não serão rentáveis e a taxa de hashes provavelmente cairá.

Outros fatores de rede que influenciam a rentabilidade de mineração incluem preço, intervalo entre blocos, dificuldade, recompensa por bloco e taxas de transação.

(Imagem: asicminervalue)

Em relação à rede, transações diárias no blockchain (linha do gráfico abaixo) tiveram uma grande queda no fim de março, mas começaram a subir novamente. O valor médio das transações em dólar (picos no gráfico abaixo) variaram entre US$ 5 mil e US$ 10 mil no último ano.

O recorde atual para transações em um único dia aconteceu em dezembro de 2017, em 500 mil. O recorde atual para valores médios de transação em dólares aconteceu em janeiro de 2016, a US$ 51 mil.

(Imagem: CoinMetrics)

Transações não confirmadas estiveram abaixo de 20 mil desde agosto de 2019, durante o auge de congestionamento, e caíram abaixo de cinco mil durante épocas menos movimentadas (gráfico abaixo).

Nos últimos meses, com o aumento na volatilidade de preço, transações não confirmadas aumentaram para quase 90 mil durante épocas mais movimentadas.

Uma queda na taxa de hashes no início deste ano resultou em um aumento no intervalo entre blocos, o que também contribuiu para o congestionamento da rede.

(Imagem: Johoe’s Bitcoin Mempool Size Statistics)

O tamanho médio diário em blocos (gráfico abaixo) se manteve acima de 1,2 MB desde o fim do ano passado, em que blocos nos dias 24 de março e 11 de junho estarem acima de 1,4 MB.

O limite de tamanho de bloco é de 2 a 4 MB, dependendo do tipo de transação sendo enviado, graças à ativação do SegWit em 23 de agosto de 2017 por meio de uma bifurcação drástica (ou “hard fork”) ativada pelos usuários.

(Imagem: txstats)

A taxa média de transações (linha no gráfico abaixo) está em US$ 1,32, apesar do aumento no tamanho de blocos e crescente uso do blockchain desde a taxa recorde de US$ 62 no fim de dezembro de 2017.

Tanto a falta de transações não confirmadas sem taxas como a crescente escalabilidade no blockchain mantiveram as taxas significativamente baixas do que no fim de 2017.

(Imagem: CoinMetrics)

Além disso, o agrupamento de transações e os crescentes recursos fora do blockchain da Lightning Network diminuíram o congestionamento de transações no blockchain.

O agrupamento de transações é mais eficaz para empresas com uma grande quantidade de transações de saída, como mineradores e corretoras.

O valor da rede Kalichkin de 30 dias para a proporção de transações no blockchain (NVT) variou entre 50 e 100 desde janeiro de 2019 (linha do gráfico abaixo).

Embora a NVT de Kalichkin não leve em consideração a inflação ou o uso de transações fora do blockchain, que diminuiriam a proporção NVT como um todo, a métrica permanece na parte superior da faixa histórica.

Anteriores altas na NVT — em fevereiro de 2011, outubro de 2014, dezembro de 2017, outubro de 2018, julho de 2018 e fevereiro de 2020 — foram seguidas por movimentações negativas de preço.

Com base nessa métrica, a probabilidade de uma alta no preço aumentará se outra NVT de alta for atingida. Em dezembro de 2018, a NVT caiu para 46 antes de uma reversão de preço.

Endereços mensais ativos aumentaram para 905 mil no último mês, registrando uma alta de dois anos (picos no gráfico abaixo). Esses endereços aumentaram para 850 mil em julho de 2019 de uma baixa anual de 550 mil. Atingiram uma alta recorde de 1,096 milhão em dezembro de 2017.

Endereços diários ativos ultrapassaram um milhão três vezes em 2018, nos dias 14, 26 e 28 de junho. Junho de 2019 foi o primeiro mês em que esses endereços ultrapassaram um milhão desde fevereiro de 2018.

Quase ultrapassaram 940 mil no dia 7 de abril e atingira 1,02 milhão em 7 de maio de 2019. Este ano, esses endereços ultrapassaram um milhão nos dias 7 de maio, 11 de junho, 23 de junho, 1º de julho e 19 de julho. Em 14 de dezembro de 2017, esses endereços ultrapassaram 1,28 milhão.

(Imagem: CoinMetrics)

A rede Bitcoin possui bem mais endereços ativos do que qualquer outro blockchain. Um grande ou contínuo aumento nos endereços diários ativos podem ser considerados como um indicador positivo para preços de mercado, pois sugerem um aumento na demanda por bitcoin no blockchain.

Conforme o mecanismo de transações fora do blockchain aumenta, os endereços diários ativos podem estagnar ou diminuir ao longo do tempo.

A capitalização de mercado dividida pelo valor de mercado obtido (MVRV) é outra métrica nativa e fundamental usada para avaliar as condições de sobrecompra ou sobrevenda.

Valor de mercado obtido aproxima o valor pago para todas as moedas em existência ao somar o valor de mercado das moedas na hora em que foram movimentadas pela última vez no blockchain.

Historicamente, períodos em que o escore-Z do MVRV está abaixo de zero representaram condições de sobrevenda, enquantos períodos em que o escore-Z do MVRV está acima de sete representaram condições de sobrecompra.

Desde 2013, todos os três picos de escore-Z do MVRV acima de sete coincidiram com altas recordes no preço. Atualmente, o MVRV está em 0,95 após ter aumentado para -0,20 no dia 12 de março.

Todos os períodos anteriores com um escore-Z do MVRV abaixo de zero se mantiveram por meses antes de se movimentarem para áreas positivas.

(Imagem: lookintobitcoin)

Analisar a idade de quantias de transações não gastas (UTXOs, do inglês “Unspent Transaction Outputs”), ou moedas não gastas, também pode fornecer algumas percepções sobre as movimentações de preço.

O aumento nas moedas recém-movimentadas tende a ser correlacionado com valores superiores e inferiores de mercado e pode representar euforia ou capitulação.

Moedas que não foram movimentadas recentemente são representadas em cores mais frias enquanto moedas sendo movimentadas são representadas por cores mais quentes.

Moedas que não foram movimentadas em mais de cinco anos (azul escuro) totalizam 21,65% do fornecimento em circulação, ou cerca de 4,07 milhões de BTC.

O grupo entre dois a três anos de idade (turquesa), ou as moedas que não foram movimentadas entre julho de 2017 e julho de 2018, possuem a segunda maior porcentagem de distribuição, de 15%.

O grupo entre um a três meses (laranja) aumentou 5% entre abril de 2019 a junho de 2019, mas caiu nos últimos meses.

Historicamente, as maiores altas no preço aconteceram quando o grupo de um a três meses, atualmente em 8,96%, representou mais do que 15% de todas as UTXOs em circulação.

(Imagem: Plotly/Unchained)

Pensando nas atividades de desenvolvimento, as versões v0.19.1 e v0.20.0 do Bitcoin Coram foram lançadas este ano e forneceu várias correções a falhas e melhorias de desempenho. Futuras melhorias de protocolo incluem as assinaturas de Schnorr, Taproot e Graftroot.

Assinaturas de Schnorr e agregação de assinaturas também podem reduzir o armazenamento e a banda larga para, pelo menos, 25%.

Taproot e Graftroot melhoram as Árvores de Sintaxe Abstrata Merkelizadas (MAST), que fornecem três vantagens: menores transações, mais privacidade e maiores contratos autônomos.

Em setembro de 2019, Pieter Wuille da Blockstream também apresentou planos para miniscript, uma forma simplificada de escrever códigos para o Blockchain.

A versão atual, Script, é completa e difícil de se usar para aqueles que não estão familiarizados com essa linguagem de programação.

Segundo Wuille, miniscript permite que um usuário escreva alguns scripts de Bitcoin “de uma forma estruturada e composta, que permite diversos tipos de análise de estatística, assinatura genética e compilação de políticas”.

Miniscript está em etapas iniciais de desenvolvimento e, atualmente, está sendo testada internamente na plataforma Blockstream.

Mais de 50 desenvolvedores contribuíram com mais de 2,1 mil contribuições no último ano, principalmente no repositório principal no GitHub.

Grande parte das moedas usam a comunidade de desenvolvimento do GitHub onde arquivos são salvos em pastas chamadas de “repositórios” (ou “repos”) e alterações desses arquivos são chamadas de contribuições (“commits”), que salvam um registro de quais mudanças foram feitas, além de quando e por quem

Apesar de contribuições representarem quantidade e não necessariamente qualidade, um grande número de contribuições pode significar mais atividade e maior interesse de desenvolvedores.

(Imagem: GitHub/bitcoin)

O projeto BTC no GitHub possui dois repositórios ativos: “bitcoin” (gráfico acima) e Bitcoin Improvement Protocolos, ou “BIPS” (gráfico abaixo).

(Imagem: GitHub/bitcoin/bips)

Parte 2