Análise: Banco Central lava as mãos e Selic agora depende das urnas
Enquanto parte do mercado financeiro esperava que o Copom (Comitê de Política Monetária) pudesse começar a preparar os investidores para um aumento da Selic em seu comunicado publicado hoje, não foi isso o que aconteceu. A equipe liderada por Ilan Goldfajn manteve o juro em 6,5% ao ano, como amplamente esperado, e não adotou a postura mais “falcão”.
Dois rejeitados, uma presidência: O 2º turno já começou
Esta foi última reunião marcada antes de que o País conheça o novo Presidente da República, já que o próximo encontro será em 31 de outubro. O 2º turno acontece em 28 de outubro.
O BC destacou que a economia continua fraca e a frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes elevou a chance de inflação no horizonte para a política monetária. Esse risco, aponta o comitê, se intensifica com a deterioração do cenário externo para economias emergentes. “O Comitê julga que esses últimos riscos se elevaram”, mostra a nota.
Sobre os choques recentes que afetaram a taxa de câmbio da moeda brasileira, o BC disse que estes devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva. “Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária”, afirma o BC.
Por fim, o Copom disse que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação. Ou seja, como todos sabem essas expectativas serão duramente alteradas nas urnas 3 dias antes da próxima reunião, a penúltima do ano e provavelmente também de Goldfajn.
Com isso, o BC lava as mãos e deixa a construção da expectativa para o eleitor. Como lembra o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira: “Nosso BC não é independente, troca sempre que muda de presidente, portanto não seria de bom grado um movimento de política monetária que somente gerasse efeito no mandato alheio”, disse ao Money Times.