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Análise: Como o mercado irá reagir ao balanço de Vale?

27 mar 2019, 23:01 - atualizado em 27 mar 2019, 23:08
Vale
“A Vale divulgou um relatório trimestral amplamente em retrospectiva”, diz analista (Imagem: Facebook da Vale)

O balanço de 2018 da Vale (VALE3) divulgado na noite desta quarta-feira (27) não trouxe muitas novidades sobre os efeitos do desastre em Brumadinho, como era amplamente esperado pelo mercado. Ou seja, o relatório realmente se concentrou em olhar para trás, com poucas informações sobre os impactos do rompimento em 25 de janeiro.

“A Vale divulgou um relatório trimestral amplamente em retrospectiva, no contexto do que os investidores estavam ansiosamente buscando. Compreensivelmente, eles estão à procura de indicações sobre: ​​provisões, orientação sobre volumes de minério de ferro, deterioração, atualizações da política de dividendos, entre outros”, avaliam os analistas Leonardo Correa e Gerard Roure, do BTG Pactual.

A empresa fechou ano passado com lucro líquido de US$ 6,8 bilhões, 24,6% a mais em relação ao resultado de 2017. Na análise trimestral, o lucro passou de US$ 1,4 bilhão para pouco mais de US$ 3,7 bilhões.  O Ebitda ajustado atingiu US$ 16,5 bilhões em 2018 contra os US$ 15,3 bilhões de 2017, o que corresponde a um aumento de 8,2%. Na comparação do quarto trimestre, o Ebitda não variou muito, tendo fechado em US$ 4,4 bilhões, em linha com as projeções.

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Correa e Roure destacam que a sólida geração de US$ 1,8 bilhão em fluxo de caixa livre e a contínua redução da dívida líquida, para níveis abaixo de US$ 10 bilhões, deixam a empresa em um nível de alavancagem que se aproxima de 0,5 vez, um patamar visto como muito confortável.

“Considerando os dados operacionais em linha e sem novas informações relevantes sobre multas, perdas de produção ou custos após o acidente, vemos os resultados como neutros para as ações”, apontam Caio Ribeiro e Rafael Cunha, analistas do Credit Suisse. As atenções estarão voltadas para a teleconferência, às 10 horas, horário de Brasília.

A alta nos preços do minério de ferro mais do que compensa a perda de produção em termos de geração de caixa

Provisões: mais US$ 7,2 bi?

Para a XP Investimentos, em relação à Brumadinho, o único destaque foi o anúncio de uma aceleração do plano de descomissionamento, que a empresa afirmou que aumentará os R$5 bi estimados.

“O plano para o descomissionamento dessas barragens até então eram baseados em estudos preliminares, e a companhia está agora trabalhando em um plano detalhado de engenharia individual para cada uma dessas barragens que irá permitir a descaracterização total das mesmas”, destaca a analista Karel Luketic.

O Credit Suisse estima que o mercado provavelmente está precificando um outro desembolso de US$ 7,2 bilhões em dinheiro. O banco destaca que, desde o acidente, o consenso da Bloomberg para a estimativa do Ebitda de 2019 da Vale aumentou em aproximadamente US$ 2 bilhões, “colocando em evidência que a alta nos preços do minério de ferro mais do que compensa a perda de produção em termos de geração de caixa”.

Hoje a mineradora possui cerca de US$ 4,3 em recursos congelados para multas relacionadas ao acidente, enquanto sua capitalização de mercado caiu em torno de US$ 11,5 bilhões desde o dia anterior ao acidente, significando que ainda há outros US$ 7,2 bilhões (R$ 28,5 bilhões) desembolsos adicionais de caixa, segundo o mercado.

Os três times de análise citados na reportagem indicam a compra das ações.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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