Mercados

Análise: Bramido do urso fica mais sonoro ao S&P 500 com contínua queda dos mercados

09 maio 2022, 19:39 - atualizado em 09 maio 2022, 19:39
Bolsa de Valores
Depois de despencar 3,2% nesta segunda-feira, o S&P 500 agora acumula declínio de 16,8% em relação ao pico alcançado em 3 de janeiro (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

As atuais expectativas de um banco central dos EUA “hawkish” (duro na abordagem à inflação) enfraquecem as perspectivas de Wall Street para as ações, e alguns investidores agora se preparam para um potencial mercado em baixa para o índice S&P 500 (SPX).

O em inglês chamado “bear market” muitas vezes pensado como uma queda de 20% ou mais em relação a uma máxima marcaria o fim do rali da era da pandemia que levou ações a níveis recordes como resultado do estímulo sem precedentes do Federal Reserve.

O termo “bear” (urso) se refere a investidores que apostam na queda do preço de um ativo e faz alusão à maneira como ursos se movimentam ao atacar de cima para baixo.

Depois de despencar 3,2% nesta segunda-feira, o S&P 500 agora acumula declínio de 16,8% em relação ao pico alcançado em 3 de janeiro, enquanto luta para lidar com os piores quatro meses para um início de um ano desde 1939.

O índice de tecnologia Nasdaq (US100) atingiu o território de baixa em março e perde 27,6% desde o recorde de novembro passado.

O termo “bear” (urso) se refere a investidores que apostam na queda do preço de um ativo e faz alusão à maneira como ursos se movimentam ao atacar de cima para baixo (Imagem: Pixabay)

Embora um mercado em baixa não seja uma conclusão óbvia, os sinais de sentimento negativo estão por toda parte, à medida que o Fed aperta a política monetária para combater a pior inflação em quase quatro décadas.

O banco central anunciou um aumento de 0,50 ponto percentual na semana passada e sinalizou que elevará os juros na mesma magnitude em suas próximas duas reuniões.

Atualmente, investidores precificam um total de 209 pontos-base em aperto monetário neste ano, o que coloca o Fed no caminho certo para sua trajetória mais agressiva desde 1994.

Sameer Samana, estrategista sênior de mercado global do Wells Fargo, disse que o S&P 500 tem uma chance em três de cair em um mercado de baixa se recuar para aquém do que ele viu como um nível de suporte técnico de 4.100 pontos, patamar bem abaixo do qual o índice terminou nesta segunda-feira.

John Lynch, diretor de investimentos da Comerica Wealth Management, acredita que o intenso rali de 115% que as ações viram em relação a suas mínimas vistas durante o pior da pandemia de Covid-19 as deixam vulneráveis ​​a um declínio sustentado.

Embora nem todos os mercados “de urso” tenham coincidido com recessões, todas as recessões desde 1968 provocaram um mercado em baixa, de acordo com dados da CFRA Research.

“Houve uma boa redefinição nas avaliações e nas expectativas dos investidores, e um grande grau de aperto monetário do Fed já está precificado no mercado” (Wall Street/Reuters)

Analistas do Goldman Sachs (GS) recentemente colocaram as chances de recessão no próximo ano em 35%.

Nem todos os estrategistas veem perdas sustentadas à frente, contudo.

Jonathan Golub, do Credit Suisse, reduziu seu preço-alvo de fim de ano para o S&P 500 de 5.200 pontos para 4.900 pontos na semana passada, movimento que implicaria um ganho de quase 22,8% ante o nível atual do índice e um avanço anual de 2,8%.

Analistas da Truist Advisory Services rebaixaram suas estimativas para o mercado de ações no mês passado, mas não ficaram mais pessimistas após o declínio mais recente, escreveu Keith Lerner, codiretor de investimentos da empresa.

“Houve uma boa redefinição nas avaliações e nas expectativas dos investidores, e um grande grau de aperto monetário do Fed já está precificado no mercado”, escreveu.

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