Análise: Anos de calma nos mercados de moedas colocam fundos cambiais contra a parede
A desvalorização da moeda da China, o iuan, está alimentando esperanças de um muito esperado aumento de volatilidade nos mercados cambiais, mas qualquer elevação será tarde demais para os fundos cambiais que fecharam este ano –e pode ser pequena demais para trazer esperança àqueles que ainda permanecem.
Operadores de câmbio que lucram mais quando os preços se movem mais rapidamente se consideram prejudicados pela calma prolongada nos mercados cambiais ditada pelas taxas de juros mais baixas e pelos bancos centrais se movendo em sintonia uns com os outros na política monetária.
A depreciação do iuan em 12 de agosto, quando o dólar saltou para acima de 7 iuans, impulsionou as volatilidades implícitas embutidas em contratos de opção de câmbio para máximas em oito meses.
Mas a disparada teve vida curta. Um índice do Deutsche Bank de volatilidade implícita de três meses, ponderado pelas principais moedas, caiu para 7,52, depois de subir para 8,11 imediatamente depois dos movimentos no iuan.
Para fundos cambiais, esse foi mais um episódio de indicadores de volatilidade que voltaram rapidamente à vida e depois desapareceram.
Tais veículos –que se concentram na compra e venda de moedas, futuros e swaps cambiais– viram as oportunidades de ganhar dinheiro diminuírem. No ano passado, houve um fluxo de saída de 2,34 bilhões de dólares de fundos cambiais mútuos –o mais forte desde 2015.
A saída tem arrefecido um pouco neste ano, com 159,08 milhões de dólares deixando esses mercados de janeiro a julho, de acordo com a empresa de pesquisa Morningstar. Mas o total de ativos líquidos em fundos mútuos em moeda no mundo caiu para 6,86 bilhões de dólares, tendo recuado todos os anos menos um depois de alcançar o pico de quase 18 bilhões de dólares em 2012.
Agora, com a volatilidade da maioria das principais moedas rondando mínimas recordes, mais gestores de fundos podem se sentir tentados a jogar a toalha.
“Se o público não aceitar, eventualmente você precisa se render”, disse Axel Merk, diretor de investimentos da Merk Investments, que neste verão (no Hemisfério Norte) fechou um fundo cambial voltado ao varejo. Ele descreveu os retornos como “bastante modestos”.
O fundo de 6,7 milhões de dólares da Merk foi um dos dez fundos mútuos cambiais a encerrar neste ano, após 17 fechamentos em 2018, disse a Morningstar.
Merk, que gere outro fundo de câmbio, disse que aumentos recentes de volatilidade significaram que este ano está parecendo melhor que 2018, mas acrescentou: “Não é como se nosso telefone estivesse tocando sem parar”.
Hedge funds –que tomam empréstimos e investem em busca de retornos– também foram atingidos: apenas 49 agora negociam ativamente futuros e moedas em moeda estrangeira no mercado interbancário, de acordo com o índice BarclayHedge. O número é inferior aos 145 de 2008 e aos 53 do final de 2018.
Fundos hedge específicos para câmbio obtiveram retornos de 2,38% neste ano, bem abaixo dos retornos de 7,56% em fundos macro, como mostram os dados da Hedge Fund Research. Claramente, aqueles capazes de investir em ativos diferentes poderiam gerar lucros mais altos do que aqueles restritos a moedas.
Esses fundos macro estão cada vez mais se retirando das operações com moedas, concentrando-se em negócios com títulos do governo, dizem pessoas familiarizadas com o setor.