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Ana Westphalen: quando a maré baixar, quem estará pelado?

17 jan 2020, 11:21 - atualizado em 17 jan 2020, 11:21
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O ano passado foi de forte captação para os fundos de ações, que levantaram o valor recorde de R$ 86,2 bilhões, segundo dados da Anbima (Imagem: Unsplash/@chrisliverani)

Não sei explicar, mas sinto um certo desconforto quando tudo caminha bem. Me pego desconfiada. Vale para a vida e para os investimentos. Veja bem, longe de mim querer estragar a festa do bull market, até porque quem está na estrada há mais tempo sabe que não foi fácil chegar até aqui. Mas uma preocupação em especial vem visitando minha mente…

Como reconhecer quem é realmente bom em um ambiente em que o vento sopra a favor de todos? Se há um benefício claro trazido por uma tempestade inesperada é o fato de ela separar os fortes dos fracos, os gênios dos loucos ­­— e aqui, novamente, vale tanto para a vida quanto para os investimentos.

Explico. O ano passado — em especial a segunda metade — foi de forte captação para os fundos de ações, que levantaram o valor recorde de R$ 86,2 bilhões, segundo dados da Anbima. Pela primeira vez, a classe liderou as captações na indústria, deixando os tradicionais multimercados em segundo lugar.

Como você deve supor, essa é uma reação dos brasileiros que, diante do ambiente de juros estruturalmente baixos no país, decidiram recorrer à Bolsa em busca de mais rentabilidade. Muitos deles estão tendo seu primeiro contato com investimentos e ações.

E os prognósticos são otimistas para a renda variável neste ano. Isso quer dizer que, em tese, é só não fazer nenhuma grande besteira que provavelmente todos chegarão vivos ao fim de 2020.

Mas, recorrendo ao ganhador de dinheiro Warren Buffett, só quando a maré baixar descobriremos quem estava nadando sem sunga (ou, no caso, tomando risco em excesso sem se preocupar com proteções ou em ter uma estratégia diversificada).

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“Só quando a maré baixar descobriremos quem estava nadando sem sunga”, pontuou a colunista (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Por isso, insistimos que desempenho de curto prazo não diz nada, e neste 2020 pode dizer menos ainda. Aqui na série Os Melhores Fundos de Investimento gostamos de gestores que não baixam a guarda, que têm processos consistentes de análise de investimento e que são cercados por equipes experientes.

Sobre isso, não causa estranheza um movimento recente feito por alguns dos nossos gestores preferidos. A despeito do momento bom para captação (e mais patrimônio resultaria em maior ganho com taxa de administração), muitos estão decidindo fechar seus produtos para novos aportes. No fim do ano passado, foi a Bogari. Neste mês, a Brasil Capital.

Para não ficar só nos fundos de ações, o multimercado Kinea Chronos segue o mesmo caminho, assim como a Ibiuna, que fala em fechar as portas da estratégia macro da casa em algum momento neste ano. Isso sem falar nas gestoras que fazem aberturas só de tempos em tempos, como a Kapitalo.

É claro que eu gostaria que você pudesse ter acesso a esses ótimos fundos (e a outros) a qualquer momento, mas limitar o tamanho do patrimônio é uma atitude responsável que muito valorizamos, já que é uma forma de proteger o cotista atual.

Isso porque, quando um fundo fica muito grande, o gestor não consegue se desfazer de posições sem que derrube os preços, principalmente em ativos que são menos líquidos, como ações de empresas fora do radar.

Não existe um número mágico, mas o tamanho dos fundos tem limite e é apenas um dos fatores a que estamos atentos aqui na série Os Melhores Fundos de Investimento. Se quiser conhecer outros critérios importantes para ganhar com o bull market sem sustos depois que a maré baixar, venha por aqui.

Um abraço,

Ana Luísa Westphalen.

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