Americanas vai na contramão do setor, entrega mais que Magazine Luiza e ações disparam
Os números da Americanas (AMER3) animaram analistas, destoando da visão mais pessimista do setor, marcado pelas dificuldades de retomar a normalidade, após a economia ser abatida pela pandemia de coronavírus.
Os papéis da varejista subiram 5,66%, a R$ 37,34, enquanto a sua controladora, a Lojas Americanas (LAME4), disparou 5,45%.
No terceiro trimestre, a empresa lucrou R$ 240 milhões, beneficiada por uma reversão do imposto de renda sobre a correção monetária do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS. Sem isso, a empresa teria lucrado R$ 43,2 milhões.
A Ativa destaca que apesar da receita ter ficado abaixo das expectativas, o resultado foi positivo. Ao todo, a Americanas entregou um GMV (valor bruto de mercadoria) no digital de R$ 9,9 bilhões, uma alta de 30% – crescendo acima da Magazine Luiza (MGLU3) e do Mercado Livre.
“Enquanto os demais players apresentaram crescimento bem mais significativo no 3P, a Americanas entregou um crescimento alinhado nos dois canais”, afirma o analista Pedro Serra.
O 1P cresceu 29,9% no ano e o 3P avançou 30,2%, com destaque para os produtos de cauda longa. A conversão de vendas na plataforma aumentou para 15%.
A rentabilidade, no entanto, ficou aquém do esperado, sobretudo na margem bruta – “um fator que também esteve presente nos resultados dos demais players do setor”, completa.
O resultado das lojas físicas também foi um destaque positivo, principalmente, se considerarmos que esse não foi um bom trimestre para as vendas físicas dos concorrentes.
O BB Investimentos classificou como expressivo o crescimento de 23,8% das vendas brutas totais, R$ 12,9 bilhões.
Porém, a surpresa positiva, segundo a corretora, ficou por conta da margem bruta, que ficou 1 ponto percentual acima das estimativas.
A margem Ebitda Ajustada também sofreu queda na comparação anual, reflexo de uma menor diluição de despesa com vendas, gerais e administrativas em função dos investimentos em nível de serviço.
Quanto à alavancagem financeira, o BB pontua que a Americanas manteve uma sólida posição de caixa líquido de R$ 3 bilhões, enquanto os investimentos totalizaram R$ 433,7 milhões, equivalente a 3,4% do GMV do período.
Analistas do Bradesco BBI destacaram que a Americanas apresentou um bom resultado.
“Esperamos que isso acelere no quarto trimestre de 2021, dada a base de comparação mais fácil”, acrescentaram Richard Cathcart e equipe, em relatório a clientes.
Para os analistas, a diversificação do mix online da Americanas deve ser uma vantagem à medida que a Black Friday se aproxima, devido ao enfraquecimento da demanda por itens discricionários de maior valor.
“Será importante agora para a Americanas manter essa liderança em crescimento e começar a mostrar os ganhos operacionais (financeiros e estratégicos) da fusão entre as lojas e os negócios de comércio eletrônico.”
Para os analistas do BTG Pactual capitaneados por Luiz Guanais, o resultado trimestral mostrou uma recuperação gradual “e bem-vinda” da companhia em relação à suas concorrentes.
“Após o recente ‘sell-off’, um possível ‘re-rating’ da ação dependerá da continuidade de resultados consistentes – de preferência acima dos principais pares – nos próximos trimestres em um competitivo mercado de e-commerce no Brasil.”
Vale a compra?
Na visão do Bank of America, a queda recente das ações da Americanas não se justifica, dado contexto de melhoria da governança, crescimento, sinergias emergentes e o potencial de longo prazo para varejo de conveniência em parceria com a Vibra.
“A Americanas também está criando uma plataforma de franquia de longo prazo com a Uni.co e acreditamos que a aquisição da Hortifruti Natural da Terra adiciona uma capacidade em perecíveis de alta frequência em escala, com consideráveis sinergias e potencial de crescimento”, argumenta.
Para o BB, apesar de ainda de um forte trabalho de recuperação de rentabilidade a ser feito nos próximos trimestres, a companhia vem trilhando o caminho correto.
“Há diversas inciativas em andamento para que as sinergias da combinação dos negócios propiciem ganho de rentabilidade nos próximos trimestres”, completa.
Com Reuters