Americanas (AMER3): Sérgio Rial, que descobriu as fraudes, pode virar vilão no caso?
Sérgio Rial, que alertou o mercado sobre as fraudes contábeis na Americanas (AMER3), durante sua presidência-relâmpado, corre o risco de mudar de mocinho para um dos vilões do caso. Tudo depende das conclusões a que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) chegar após a investigação em curso.
Nesta quarta-feira, Rial depõe na autarquia sobre seu papel no episódio. Segundo a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, entre as linhas de investigação, a CVM apura se houve conflito de interesses na atuação de Rial.
Isto, porque a indicação de Rial para a cadeira de CEO da Americanas foi divulgada ao mercado em meados de agosto do ano passado, quando se ficou sabendo que ele assumiria em 1º de janeiro.
O problema é que, neste período de quatro meses, o executivo acumulou o cargo de presidente do conselho de administração do Santander (SANB11) com o período de transição de comando na Americanas, sucedendo Miguel Gutierrez. Ainda segundo O Globo, Rial também era membro do comitê de risco e de compliance do Santander.
O jornal acrescenta que a CVM quer saber o momento exato em que Rial teve certeza de que a contabilidade da varejista apresentava problemas, e quanto tempo demorou este instante e a divulgação do fato relevante, na noite de 11 de janeiro, em que revelou as “inconsistências contábeis” que viraram o mercado pelo avesso.
Às 16h57, a coluna de Lauro Jardim atualizou a nota em que este texto se baseia. O jornalista afirmou que o depoimento de hoje não tocou na situação de Rial no Santander. A coluna manteve, no entanto, as informações sobre as linhas de investigação da CVM.
Americanas (AMER3): Entenda o caso
O rombo contábil que levou a Americanas (AMER3) à recuperação judicial foi resultado de um fraude, segundo o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho.
“Foi uma fraude”, afirmou o executivo durante apresentação a jornalistas sobre os resultados do quarto trimestre, quando perguntado sobre o caso, embora tenha evitado citar nominalmente a empresa, dentro das práticas do setor bancário de não mencionar nomes de cientes específicos.
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O Itaú anunciou na noite de terça-feira lucro de quarto trimestre de 2022 abaixo das expectativas de analistas, afetado por uma provisão extra de 1,3 bilhão de reais para perdas esperadas com inadimplência, citando “evento subsequente”.
Segundo Maluhy Filho, as provisões previstas pelo Itaú para 2023 já contemplam uma piora conjuntural do crédito no atacado brasileiro.
No entanto, ele disse que com base nas ferramentas de controle do banco, não espera que haja novos casos parecidos com o da Americanas, que revelou em janeiro um buraco contábil de 20 bilhões de reais, semanas antes de pedir recuperação judicial, com dívidas de mais de 40 bilhões de reais.