Americanas (AMER3): Relação piora e bancos vão à Justiça contra decisão que blinda empresa, diz jornal
A relação entre bancos credores e a Americanas (AMER3) piorou desde que a empresa entrou na Justiça na sexta e recebeu uma tutela de urgência que suspendeu por 30 dias o vencimento antecipado das dívidas da companhia.
Como forma de reação, os bancos agora querem derrubar a medida, informa o Valor Econômico.
Ainda de acordo com o Pipeline, também do Valor, o BTG Pactual (BPAC11) entrou com ação contra a tutela, porém o desembargador de plantão, Luiz Roldão Filho, negou o pedido.
Segundo apurou o jornal, as instituições querem evitar a proteção porque isso diminui o poder de barganha para receber as dívidas da Americanas, que podem girar na casa dos R$ 40 bilhões. O movimento teria irritado os bancos, diz a reportagem.
Além disso, executivos do setor já começam a classificar as inconsistências como fraudes, e não mais como um erro contábil.
Na sexta-feira, a empresa entrou com o pedido e terá uma “blindagem” contra a execução de dívidas por 30 dias.
Segundo informações que circulam pela imprensa, a companhia não deseja pedir uma recuperação judicial, mas terá que fazê-la caso não chegue a um acordo com os bancos.
Ainda de acordo com a Bloomberg, os bancos aceitam prolongar as dívidas, desde que haja uma injeção de capital.
Os acionistas de referência da Americanas, a 3G Capital, formada pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, querem R$ 6 bilhões, mas os bancos R$ 10 bilhões.
Para a XP Investimentos, no entanto, nem um nem outro valor será suficiente para tampar o rombo da empresa. Pelos cálculos dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o montante da oferta de ações deveria ser de R$ 12 bilhões a R$ 21 bilhões.
Eles assumiram diferentes níveis de alavancagem e margem Ebitda, dada a falta de visibilidade quanto às demonstrações financeiras após os eventos recentes.
E se a Americanas solicitar recuperação judicial?
Os analistas recordam que é um processo longo, com duração média de três anos, mas excedendo esse prazo em muitos casos — a Oi (OIBR3), o maior caso de recuperação judicial do Brasil, demorou seis anos.
Outra consequência seria a saída do Ibovespa, já que de acordo com a metodologia da B3, as companhias em RJ não são elegíveis para entrar no índice, o que pode impactar negativamente a liquidez da varejista.