Americanas (AMER3) pagou dividendos recorde em 2022; há esperanças para 2023?
Se 2023 começou desafiador para os acionistas da Americanas (AMER3), 2022 foi um ‘mar de rosas’, com dividendos recorde. Nos nove primeiros meses do ano, a varejista entregou R$ 333,2 milhões em proventos, segundo levantamento do TradeMap.
Trata-se do maior montante histórico já distribuído pela Americanas. No acumulado de dez anos, os dividendos da empresa totalizaram R$ 1,7 bilhão.
Desse período, o ano de 2020 foi quando a varejista chegou mais perto de distribuir um valor similar ao do ano passado. Naquele ano, a Americanas entregou de R$ 296 milhões em proventos.
Comparado com as principais concorrentes de Americanas — a saber, Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) —, o valor distribuído entre janeiro e setembro é o segundo maior dos últimos dez anos.
A Via lidera esse ranking, com a distribuição de R$ 394,7 milhões em 2013, enquanto os maiores dividendos da Magalu foram em 2020, de R$ 299,4 milhões.
Veja os dividendos de Americanas, Magazine Luiza e Via nos últimos dez anos
Ano | Americanas + Lojas Americanas (R$ milhões) | Magazine Luíza (R$ milhões) | Via (R$ milhões) |
---|---|---|---|
2013 | 119.769 | 0 | 394.672 |
2014 | 137.138 | 31.486 | 0 |
2015 | 133.095 | 33.484 | 223 |
2016 | 116.873 | 0 | 3 |
2017 | 115.007 | 32.369 | 31 |
2018 | 101.733 | 114.273 | 15 |
2019 | 126.215 | 182 | 0 |
2020 | 296 | 299.405 | 0 |
2021 | 238.116 | 146.133 | 0 |
2022 | 333.205 | 99.966 | 0 |
Dividendos recorde e rombo fiscal de R$ 20 bi; entenda
No começo deste ano, a Americanas encontrou uma inconsistência contábil de cerca de R$ 20 bilhões. Com isso, a dívida da varejista pode chegar a ser de aproximadamente R$ 40 bilhões.
Diante desse cenário, como é possível que a companhia tenha distribuído dividendos recordes?
Segundo o analista da Benndorf, Niels Tahara, o montante entregue em 2022 foi beneficiado pelo lucro líquido reportado no ano de 2021, que totalizou R$ 730 milhões. “A Americanas viveu seus melhores momentos no pós-pandemia”, afirma.
“Quando analisamos a geração de caixa da companhia em 2021, grande parte da mesma veio de ganhos na conta fornecedores, com redução de capital de giro”, explica Tahara. No entanto, ele lembra que, como foi divulgado, o montante estava indevidamente reportado no balanço.
E para 2023?
Já para este ano, o analista da Benndorf ressalta que os acionistas não devem esperar dividendos. “Uma vez que a varejista não deve reportar lucro líquido, além do grande problema de capital”, explica.
Desde o anúncio do rombo fiscal da companhia, a relação entre os acionistas e os credores está estremecida, criando um cenário ainda mais nebuloso em relação ao futuro da varejista.