Americanas (AMER3): O que você precisa saber sobre a crise da empresa
No início deste ano a Americanas (AMER3) deu início ao seu pior pesadelo após escândalo de fraude em seus balanços. Com a chegada do final do ano, a empresa finalmente divulgou o seu balanço de 2022 e as correções de 2021. Os resultados apontam um rombo de R$ 19 bilhões.
A empresa teve um prejuízo líquido de R$ 13 bilhões em 2022 e R$ 6,2 bilhões em 2021, além de informar a perda de R$ 25,2 bilhões após o esquema fraudulento.
Vale lembrar que ela também conseguiu algo inédito, até então, com o anúncio da B3 de suspensão da empresa do Novo Mercado por tempo indeterminado.
Os números se deram por uma sucessão de acontecimentos que marcaram o ano difícil para a companhia. Relembre o que trouxe a Americanas a situação atual.
Anuncio de inconsistência contábil, em janeiro
A Americanas (AMER3) encontrou uma inconsistência contábil de cerca de R$ 20 bilhões em análise preliminar, mostrou o fato relevante que enviaram ao mercado no dia 11 de janeiro.
A cifra era maior que o valor de mercado da própria Americanas, que vale R$ 10 bilhões na bolsa.
CEO da Americanas cai
Sergio Rial, que foi nomeado em agosto de 2022, e era uma das apostas para recuperação da varejista, renunciou o cargo após nove dias empossado.
Para o lugar, o conselho nomeou interinamente para CEO e diretor de relações com investidores o Sr. João Guerra, que, segundo a Americanas, possuía ampla trajetória nas áreas de tecnologia e recursos humanos, e não envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira.
Anunciou de Recuperação Judicial
A empresa entrou com pedido de recuperação judicial, mostra documento enviado ao mercado nesta no dia 19 de janeiro e após oito dias após o anúncio, a Justiça aceitou o pedido. As dívidas da empresa somam na época R$ 43 bilhões.
No entanto, as operações previstas no plano não foram adiante devido à incerteza em relação ao balanço, que foi adiado diversas vezes.
CPI da Americanas
A CPI das Americanas foi instaurada em maio pela Câmara dos Deputados e ouviu, entre outros personagens, representantes do alto escalão da varejista, como o ex-CEO Sérgio Rial.
O novo presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, assumiu o comando da empresa em fevereiro, também esteve na CPI e começou a assumir o discurso de fraude.
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Pereira chegou a admitir que o lucro inexistente pagou bônus além dos salários aos diretores como recompensa pelo desempenho financeiro, que era falso, e ainda pagou impostos.
Americanas admite fraude pela primeira vez
No dia 13 de junho, a Americanas divulgou oficialmente a fraude nas informações contábeis da empresa por meio de um Fato Relevante.
O relatório, com achados preliminares acerca do rombo contábil, demonstram ainda os esforços da
diretoria para ocultar do conselho de administração e do mercado a real situação de resultado e patrimonial.
Segundo a Americanas, foram identificados contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC), além de incentivos comerciais, que teriam sido criados para melhorar os resultados, como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.
Quem participou da fraude?
O relatório da Americanas indica a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
A companhia informa que Gutierrez desligou-se da varejista em 31 de dezembro de 2022. Já o ex-diretor Timótheo de Barros foi afastado das funções executivas em 3 de fevereiro de 2023 e comunicou sua renúncia em 1º de maio.
Saicali, Meirelles, Abrate, Carneiro e Nunes também estão afastados da companhia desde 3 de fevereiro de 2023. Os demais colaboradores identificados até o momento já foram determinados pela administração da Americanas.
E agora?
A Americanas (AMER3) atualizou seu plano estratégico de negócios com previsão de geração de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025, conforme comunicado nesta quinta-feira (16). Além disso, a varejista espera que a dívida fique entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
Após a fraude, a companhia afirma ter centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões realizado pelos acionistas de referência.
Além disso, a Americanas espera uma nova capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões e a aprovação do plano de recuperação judicial.
Para o mercado, as projeções parecem otimistas. Tanto que, às 16h30 do pregão desta quinta, AMER3 saltava 7,50%, a R$ 0,86.
*Com Giovana Leal