Americanas (AMER3): Novo CEO muda rumo da reestruturação da companhia?
A eleição de Leonardo Coelho Pereira como presidente da Americanas (AMER3) foi bem vista pelo mercado, dado sua experiência em projetos de reestruturação, afirma o analista da Benndorf, Niels Tahara.
O executivo já foi sócio da Alvarez & Marsal, consultoria que gerencia a recuperação e melhoria de desempenho de empresas.
Em reação ao anúncio, as ações da varejista subiam 7,08%, a R$ 1,21, por volta das 15h20 desta quinta-feira (16). No entanto, desde o anúncio de rombo contábil, os papéis têm operado de maneira extremamente volátil.
Segundo o analista da Benndorf, a credibilidade do novo CEO da Americanas é importante para as negociações com os credores, uma vez que, de acordo com ele, há a percepção de fraude nas dívidas.
“Por ser um nome que não é da gestão anterior e de fora, existe a possibilidade de uma melhor negociação, com uma visão menos deteriorada pelos bancos”, diz o analista.
No entanto, ele diz que a negociação com credores tem sido “difícil” e que, apesar do “bom” anúncio do CEO, o processo ainda está em fase inicial e a situação da companhia, na prática, não mudou.
Tahara pontua que o desafio operacional é “grande” e diz que a primeira batalha a ser enfrentada é a reestruturação da dívida e da estrutura de capital.
“Há a necessidade de aporte pelos sócios do 3G e uma possível conversão de dívida em equity, que poderia melhorar situação da companhia para conseguir seguir operacionalmente”, explica.
Ele ainda ressalta que existem os desafios operacionais da Americanas vão além do problema do débito com os credores, como, por exemplo, a rentabilidade do negócio de e-commerce.
Americanas falha na renegociação
A Americanas comunicou o mercado que não chegou a um acordo com os credores em reunião realizada nesta quinta-feira.
Segundo a varejista, foi proposto o aumento de capital com suporte do 3G Capital de R$ 7 bilhões; recompra de dívida por parte da companhia da ordem de R$12 bilhões e; conversão de dívidas financeiras de R$ 18 bilhões, parte em capital e parte em dívida subordinada.
O valor do aporte é um dos grandes pontos de discordância entre Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira e os credores. Os bancos estimam que o valor mínimo do aporte seria de R$ 15 bilhões.