Americanas (AMER3) indica ‘inconsistências’ em depoimento de ex-CEO e lamenta posição do Bradesco (BBDC4)
A Americanas (AMER3) comunicou em nota enviada à imprensa nesta segunda-feira (11) que refuta veementemente as argumentações de Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, apresentadas em processo judicial movido pelo Bradesco (BBDC4) contra a Americanas.
A empresa indica que foi a única parte a apresentar provas no âmbito do processo judicial e reitera a afirmação sobre a fraude e a responsabilidade direta do ex-CEO.
Além disso, indica que foram identificadas contradições e mentiras nas alegações feitas na carta de Gutierrez . Entre essas, o fato do ex-CEO afirmar que “a companhia passava por situação financeira difícil no segundo semestre, que precisaria de aporte de capital e que todos os órgãos da administração tinham ciência desse fato”.
No entanto, segundo a empresa, documentos apresentados ao comitê financeiro em 07/11/22, arquivados no portal de governança da companhia, mostram que a antiga diretoria, liderada por Gutierrez, apresentou aos conselheiros a visão de que a Americanas geraria R$ 500 milhões de caixa no 4º trimestre de 2022 e continuaria gerando caixa nos anos subsequentes, mantendo índice de endividamento financeiro saudável.
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A companhia também afirma que “outra argumentação sem fundamento apresentada é a de que os órgãos sociais deliberavam sobre questões estratégicas da Americanas sem conhecimento e participação do ex-CEO Miguel Gutierrez”.
“Esta falsa afirmativa cai por terra diante de mensagem sobre ações do Comitê Financeiro, assim como de agendas de reuniões do Conselho, que mostram que o senhor Miguel Gutierrez era ativo na gestão da companhia, como é de se esperar de qualquer Presidente de empresa”, aponta a Americanas.
A empresa reitera que lamenta a posição do Bradesco, “não compartilhada pelos demais bancos credores da companhia, que seguem empenhados num consenso ao Plano de Recuperação Judicial”.
O que o ex-CEO da Americanas disse à CPI
Gutierrez, que ficou por duas décadas no comando da companhia antes de ser substituído por Sergio Rial no início deste ano, enviou uma carta de 17 páginas aos membros da CPI que investiga a crise na rede varejista.
No documento, Gutierrez afirma que “nunca soube” que a pressão dos controladores da Americanas por resultados “teria levado a atos de manipulação da contabilidade”, afirmando que o setor tinha “forte influência e controle” dos “acionistas de referência”, os bilionários Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.
A CPI que investigava o rombo contábil de mais de R$ 40 bilhões da Americanas divulgou na sexta relatório final sem apresentar um parecer conclusivo.
O documento de 338 páginas e 7 capítulos reconhece a existência de uma fraude, mas não imputa responsabilidades a indivíduos ou instituições. Em um tom mais vago, o relatório sugere um “possível” envolvimento da antiga diretoria da companhia.
*Com Kaype Abreu