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Americanas (AMER3): Ex-CEO é preso em Madri, na Espanha, diz Globo News

28 jun 2024, 10:43 - atualizado em 28 jun 2024, 11:38
O rombo na Americanas, que veio à tona no início de 2023, ficou marcado como a maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil

O ex-CEO da Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, foi preso em Madri, na Espanha, informa a Globo News.

Gutierrez, que possui cidadania espanhola, estava foragido desde ontem, quando a Polícia Federal deflagrou a “Operação Disclosure”, que busca esclarecer a participação dos ex-diretores da varejista em fraudes contábeis que chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões.

O rombo na Americanas, que veio à tona no início de 2023, ficou marcado como a maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil. Na ação, cerca de 80 policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão.

Uma fonte da PF disse à Reuters que agora vai se avaliar um pedido de extradição de Gutierrez ao Brasil.

Outra fonte da corporação ressalvou que extradi-lo poderá ser um desafio diante do fato da cidadania espanhola. Segundo a fonte, vai depender de uma análise da legislação da Espanha.

O que está sendo investigado?

As investigações contam com a colaboração da atual diretoria da empresa Americanas, e apontam que os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

“Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram”.

À Folha de S. Paulo, a defesa do executivo afirmou que não teve acesso aos autos das medidas cautelares e por isso não tem o que comentar.

Os advogados afirmam que “Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.

Americanas: Gutierrez pedia balanços fraudados em pen drive, segundo PF

Para a Polícia Federal, o CEO participava “desde o seu planejamento até a publicação dos resultados”, em documento obtido pelo G1.

“A maior parte dos documentos não era enviada a Miguel Gutierrez por e-mail. Para se resguardar, o CEO pedia que as informações fossem gravadas em pen drive e entregues fisicamente”, diz o MPF.

Além disso, foi encontrado arquivo com indícios da participação do ex-CEO no esquema. O documento, diz o MPF, fazia uma reconstrução histórica do passivo construído e mantido oculto de maneira fraudulenta.

“Assim, não resta nenhuma dúvida que Miguel Gutierrez tinha pleno conhecimento das fraudes praticadas dentro do grupo americanas. O arquivo não deixa nenhuma dúvida sobre a origem e extensão dos problemas enfrentados pelo grupo”, diz o MPF.

Ainda segundo a PF, emails e anotações encontradas em um iPad mostram que Gutierrez criou um “engenhoso esquema societário, com diversas remessas de valores a offshores sediadas em paraísos fiscais”.

“As anotações do iPad também demonstram a preocupação de Miguel Gutierrez em blindar o seu patrimônio após deixar seu cargo de diretor presidente das Americanas, sabedor que o escândalo iria explodir”, diz.

Gutierrez vendeu ações antes da fraude

A Polícia Federal (PF) diz que o ex-presidente da Americanas e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali e outros ex-executivos da rede varejista venderam R$ 287 milhões em ações pouco antes do anúncio, em janeiro do ano passado.

Segundo a investigação que resultou na ação, Gutierrez e Anna Saicali teriam vendido mais de R$ 230 milhões – R$ 171,7 milhões e R$ 59,6 milhões, respectivamente – em ações da Americanas antes de as fraudes contábeis na empresa se tornarem públicas.

O auge das transações ocorreu entre julho e outubro de 2022, afirmam a PF e o Ministério Público Federal (MPF).

Os autos da operação apontam que as vendas de ações ocorreram nos seis meses anteriores à divulgação do fato relevante sobre o rombo da Americanas – “responsável por impactar significativamente” o preço das ações da varejista.

Com Agência Estado

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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