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Americanas (AMER3) escancara crise de crédito de grandes marcas em 2023

16 fev 2023, 12:10 - atualizado em 16 fev 2023, 13:35
Lojas Americanas
Escândalo da Americanas (AMER3) ligou sinal de alerta ao mercado sobre outras empresas que também estão com a corda no pescoço. (Imagem: Bloomberg)

Não é só a Americanas (AMER3) que enfrenta uma situação delicada em 2023. Pouco a pouco o mercado entendeu que outras grandes marcas também estão com problemas de crédito, preocupando gestores no curto prazo, embora abra oportunidades em intervalos mais esticados.

Depois da quebra de confiança da varejista, anunciaram recuperação judicial ou renegociação de dívidas as seguintes empresas listadas na B3: Oi (OIBR3), Azul (AZUL4), Light (LIGT3), CVC Brasil (CVCB3) e, mais recentemente, Marisa (AMAR3).

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As empresas brasileiras emitiram cerca de R$ 15,4 bilhões em dívida corporativa local neste ano, uma queda de 26% em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No centro das discussões, a gestora 3G Capital fundada pelos bilionários brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira (com participações em Americanas, Light e outras empresas) mostra que nem mesmo as maiores fortunas do Brasil estão de fora da crise de crédito privado.

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O que aumenta o risco

Ficou bem claro ao investidor, após o escândalo da Americanas, qual é o tamanho do risco ao aplicar diretamente em títulos de renda fixa ao invés de se expor ao mercado de dívida corporativa com fundos de crédito privado.

As perdas nos títulos de renda fixa da varejista foram bem maiores do que nos fundos de crédito privado com esses papéis, porque os gestores diversificam muito mais a carteira para minimizar eventuais calotes, explica Ana Luísa Rodela, head de crédito no Bradesco Asset, que participou do CEO Conference 2023.

Dos 28 mil fundos de investimentos existentes no Brasil, apenas 1,1 mil possuía algum papel da Americanas na carteira, sejam ações ou debêntures. São menos de 1% com exposição direta à fraude, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

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O valor de mercado das debêntures da Americanas desabou 90% de 12 a 20 de janeiro, enquanto as cotas dos fundos de crédito privado mais populares caíram até 1,50% nesse intervalo.

Problemas de liquidez

Para Jean Pierre Cote Gil, sócio e gestor de crédito da Vinland Capital, que também esteve presente no evento promovido pelo BTG Pactual, o efeito cascata pelo caso Americanas no mercado de crédito foi até pior que o rombo contábil.

Afinal de contas, gestores tiveram de aumentar liquidez dos fundos para dar conta da onda de saques feitas pelos cotistas preocupados com perda de patrimônio momentânea.

A Vista Capital, que gere o fundo multimercado de melhor desempenho no Brasil nos últimos três anos, disse, em carta aos investidores na semana passada, que não apenas empresas insolventes são prejudicadas com uma crise de crédito, mas também empresas com problemas de liquidez.

“O resultado é um inevitável e importante aperto nos bancos, o que pode potencializar e acelerar um ciclo de crédito que já parecia desfavorável”, adverte a gestora, considerando o crescimento econômico morno, inflação persistente, juros altos e confiança das empresas abalada em 2023.