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Americanas (AMER3) encontra inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bi; Rial deixa presidência

11 jan 2023, 18:50 - atualizado em 12 jan 2023, 10:48
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Segundo a varejista, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado

A Americanas (AMER3) encontrou uma inconsistência contábil de cerca de R$ 20 bilhões em análise preliminar, mostra fato relevante enviado ao mercado nesta quarta-feira (11).

A cifra é maior que o valor de mercado da própria Americanas, que vale R$ 10 bilhões na bolsa.

Segundo a varejista, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.

Entre as inconsistências está a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras.

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“As estimativas acima estão sujeitas a confirmações e ajustes decorrentes da conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes, após o que será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da companhia”, coloca.

O conselho de administração decidiu, ainda, criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, que terá os poderes necessários para a condução de seus trabalhos.

A ação da Americanas, formada em 2021 com a união das lojas físicas do grupo com a operação online que estava sob a antiga B2W, acumulou em 2022 desvalorização de 68,7%, em linha com pares do mercado, como Magazine Luiza (MGLU3).

A companhia prevê divulgação de resultados de 2022 em 29 de março. Analistas, segundo dados da Refinitiv, esperam um lucro operacional medido pelo Ebitda de R$ 2,9 bilhões e receita líquida de 28,7 bilhões para o acumulado do ano passado.

CEO da Americanas cai

Sergio Rial, que foi nomeado em agosto e era uma das apostas para recuperação da varejista, além de André Covre, diretor de relações com investidores, não devem permanecer no cargo.

Para o lugar, o conselho nomeou interinamente para CEO e diretor de relações com investidores o Sr. João Guerra, que, segundo a Americanas, possui ampla trajetória nas áreas de tecnologia e recursos humanos, e não envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira.

Os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao conselho de administração que pretendem continuar suportando a 0cmpanhia, tendo o Sergio Rial como seu assessor nesse processo, prestando apoio na condução dos trabalhos.

Ação vai despencar amanhã?

De acordo com Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed, o papel nunca foi muito bem quisto pelo mercado.

“Tem uma volatilidade muito alta, apanhou bastante nos últimos anos. Recentemente, Sergio Rial foi anunciado para assumir em 2023. Ele é um executivo bem qualificado. Era uma das ótimas apostas do turnaround da Americanas“, coloca.

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Ele recorda ainda que o mercado detesta inconsistências contáveis.

“Só ver o que aconteceu com o IRB( IRBR3). Além do impacto material, não dá para mensurar o quanto isso afetou os balanços. Fala-se também em uma dívida da empresa que não se sabe o tamanho. Isso não soou nada bem”, discorre.

“Amanhã, a cota vai ficar pequena para o investidor que sair disso”, completa.

A Ativa Investimentos pondera que com uma expectativa de que a nova gestão pudesse reestruturar as operações da empresa, essa notícia possui impacto muito negativo para as ações e para a empresa como um todo.

Real era uma das esperanças da Americanas

O anúncio de Rial na Americanas desencadeou uma onda compradora das ações da companhia no pregão seguinte ao comunicado. Na ocasião, a Americanas disparou mais de 22% na Bolsa – e mais 15% um dia depois.

Agentes do mercado chegaram a avaliar a reação dos investidores como “plausível”.

Breno Francis de Paula, especialista de varejo e consumo do Inter, disse ao Money Times em agosto que, com Rial no comando, o mercado esperava uma resposta mais dinâmica da Americanas.

Rial ficou conhecido pela sua atuação na cultura operacional e experiência do cliente no Santander (SANB11).

“Foi ele [Sergio Rial] o principal responsável por toda essa transição que estamos vendo nos grandes bancos, que estão caminhando para competir com as fintechs”, lembrou o especialista.

Veja o documento: