Americanas (AMER3): Diretores negaram operações de risco sacado perante conselho, diz O Globo
A diretoria da Americanas (AMER3) negou sistematicamente a existência de operações de risco sacado, quando questionada pelo comitê de auditoria, composto por três membros do conselho de administração. A omissão deliberada consta em documentos descobertos pela investigação interna em curso, aos quais Malu Gaspar, colunista de O Globo, teve acesso.
Segundo a jornalista, os diretores da Americanas negaram essa prática em pelo menos quatro ocasiões entre agosto de 2020 e novembro de 2022, sempre quando questionados pelo comitê de auditoria. Ainda de acordo com O Globo, a política de governança da varejista determina que, a cada trimestre, as demonstrações financeiras sejam enviadas, por e-mail, aos integrantes do comitê.
Os conselheiros realizavam, então, uma série de perguntas padronizadas. Entre elas, consta explicitamente o questionamento sobre a prática de operações de risco sacado ou forfait. O Globo apurou que as respostas da diretoria, em todas as ocasiões, variavam de “não temos este tipo de transação” até “não utilizamos”.
Americanas (AMER3): Reviravolta no rumo das investigações
Como se sabe, foi justamente a descoberta de que a Americanas omitia essa prática dos balanços que a empurrou para a crise que culminou em sua recuperação judicial. No curtíssimo período em que foi CEO da varejista, Sergio Rial apurou “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, relativas às dívidas geradas pelo risco sacado e não contabilizadas.
A jornalista afirma, ainda, que a descoberta de que os diretores omitiram deliberadamente as operações pode mudar o resultado das investigações. Isto, porque o mercado permanece cético sobre a alegada ignorância dos fatos pelos acionistas de referência da companhia, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
Em uma carta aberta, o trio alegou desconhecer as fraudes, se solidarizou com as pessoas prejudicadas pelo fato e afirmou que, como acionistas, também foram impactados.