Americanas (AMER3): “Acreditávamos que estava tudo correto”, dizem Lemann, Telles e Sicupira; veja comunicado
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os principais acionistas da 3G Capital, que controla a Americanas (AMER3), se manifestaram neste domingo (22), sobre as acusações de que teriam sido lenientes com as fraudes contábeis descobertas nos balanços da companhia.
Em um comunicado público, Lemann, Telles e Sicupira afirmam que “jamais” tiveram conhecimento, e que “nunca” admitiriam “quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”. O trio acrescenta que a PwC, responsável pela auditoria independente das contas, “jamais” denunciou “qualquer irregularidade.”
Lemann, Telles e Sicupira sobre Americanas: “Acreditávamos que tudo estava correto”
“Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto”, dizem na nota pública, e continuam: ” Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.”
Veja, a seguir, a íntegra da nota pública divulgada na noite deste domingo (8) por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, controladores da Lojas Americanas:
“No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de ‘fato relevante’, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.
Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:
1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.
2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.
3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.
4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.
5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.
6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.
7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.
8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira”
O outro lado: O que dizem os credores e investidores da Americanas
Inúmeros bancos, como o BTG Pactual, Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Bank of America e BV, entraram com pedido para derrubar o pedido de proteção da empresa.
Os advogados do BTG, por exemplo, argumentavam que a liminar que determinava o estorno de um pagamento feito pela Americanas ao banco era ilegal.
Na petição, afirmaram que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica” e que o juiz que aceitou o pedido da varejista na sexta havia sido “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas”, usando “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.
Além disso, o “fator Americanas” pode obrigar os bancos a reservar em balanço pelo menos R$ 7 bilhões para cobrir o eventual risco de calote da varejista.
De acordo com executivos do mercado financeiro, Bradesco, Santander (SANB11), Itaú, Safra, BTG Pactual e Banco do Brasil (BBAS3) são, pela ordem, as instituições com os maiores volumes de empréstimos concedidos à companhia.