Americanas (AMER3): Ação despenca 70% desde rombo contábil e CVM questiona
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) questionou a Americanas (AMER3) nesta quinta-feira (25) sobre “oscilações atípicas” no volume de negociação das ações. Nas últimas dez sessões, o papel AMER3 despencou 69,7%.
Nos dois primeiros dias após o anúncio do rombo contábil, 12 e 13 de janeiro, as ações da Americanas atingiram os picos de negociações do período, com volumes de 691,9 milhões e 724,9 milhões, respectivamente.
Com a oscilação, os papéis passaram a ser negociados na casa dos centavos — ontem, por exemplo, AMER3 valia R$ 0,95. Já ao meio-dia do pregão de hoje, as ações avançavam 11,70% e voltaram a ser cotadas acima de R$ 1 — nesse caso, valiam R$ 1,05.
A novela de Americanas
O caso da Americanas ganhou novos capítulos nesta semana. Na terça-feira (24), o Itaú (ITUB4) classificou como “leviana” a tentativa de atribuir aos bancos a responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da varejista.
Para o banco, a elaboração e aprovação das demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única e exclusiva da administração da empresa, “e sem nenhuma influência dos bancos ou outros credores”. O Bradesco (BBDC4) seguiu com o mesmo argumento.
Em outra frente, o Santander (SANB11) pediu à Justiça a suspensão do processo e alega que a Justiça do Rio não seria o foro apropriado para julgar o caso de recuperação judicial da Americanas – que deveria transcorrer em São Paulo, onde a maior parte das decisões da rede é tomada.
Já o Banco Safra recorreu à Justiça questionando os termos da recuperação. O banco alegou que seria necessária uma perícia mais detalhada para saber as condições reais da varejista e que a companhia não apresentou os três últimos balanços.
Além disso, ontem, a Americanas anunciou que protocolou ao processo de recuperação judicial a lista de credores, totalizando dívida de R$ 41,2 bilhões. Entre os quase oito mil nomes, há grandes bancos, fornecedores tanto pessoa jurídica quanto física, e até prefeituras.
Entre os bancos, a maior dívida da varejista é com o Deutsche Bank, devendo R$ 5,2 bilhões. Em sequência, aparecem o Bradesco, com R$ 4,5 bilhões de dívida; o Santander, com R$ 3,6 bilhões; e o BTG Pactual (BPAC11), com R$ 3,5 bilhões.