Americanas (AMER3): A reação dos bancos e corretoras ao rombo fiscal de R$ 20 bilhões
Os bancos e as corretoras do mercado financeiro colocaram as ações da Americanas (AMER3) sob revisão entre a noite de ontem (11), quando a varejista anunciou uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões, e a manhã desta quinta-feira (12), quando as ações despencam 90% em leilão.
Desde então, Morgan Stanley, Safra, Itaú BBA, XP e Ativa Investimentos tiraram suas recomendações e preços-alvo para AMER3. Já a Genial Investimentos alterou a recomendação de compra para venda, reduzindo o alvo de R$ 28,40 para R$ 9,40 — sujeito a novas revisões.
As ações da Americanas entraram em leilão antes da abertura do pregão regular e seguem ainda sem negócios no mercado à vista até o momento.
Na mesma linha, os papéis de Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) também entraram em leilão nesta quarta e operam em queda.
Qual a visão dos bancos e corretoras?
De acordo com o Itaú BBA, as ações da Americanas sofrem, uma vez que seu desempenho recente foi impulsionado, principalmente, pelas expectativas do mercado em relação às entregas do CEO Sergio Rial no médio e longo prazo. Rial renunciou à presidência da rede varejista ontem.
Na análise do Morgan Stanley, agora, a recuperação operacional da companhia tornou-se “completamente nebulosa”. Os analistas afirmam ter “visibilidade limitada” sobre a extensão das inconsistências contábeis.
Em outubro de 2022, quando o Morgan atualizou a classificação de AMER3 para overweight — com potencial de desempenho maior do que seu índice de referência —, um pilar fundamental da tese era que a nova administração conduziria uma recuperação operacional. Juntamente ao cenário de consumo melhor em 2023, a empresa poderia impulsionar um ciclo positivo de expansão da margem líquida.
No entanto, após o buraco fiscal, os analistas veem os catalisadores fundamentais para reverter as vendas da Americanas e as pressões de margem limitados.
A XP ainda comenta que o anúncio adiciona várias incertezas para a tese de investimento na empresa, além de trazer pouca visibilidade sobre o que de fato aconteceu e quais são os impactos dessas medidas nos demonstrativos financeiros.
Já o Safra reforça que manterá as ações em revisão até ter mais clareza sobre as inconsistências no balanço do varejista.
O que vai ser de Americanas?
Com saída de Rial e André Covre, o conselho de administração da Americanas nomeou interinamente João Guerra como CEO e diretor de relações com investidores.
Para já, o conselho decidiu criar uma comissão independente para apurar as circunstâncias que levaram às referidas inconsistências contabilísticas, com os poderes necessários ao desempenho das suas funções.
Os bancos e corretoras esperam que a varejista dê mais detalhes sobre a equipe de gerenciamento e sua estratégia operacional.
Além disso, os agentes do mercado esperam que a Americanas esclareça o impacto das inconsistências contábeis nas demonstrações financeiras.