Americanas (AMER3): A reação de analistas ao rombo de R$ 20 bilhões
A Americanas (AMER3) é o grande destaque corporativo desta quinta-feira (12) após a empresa informar que encontrou uma inconsistência contábil de cerca de R$ 20 bilhões em análise preliminar.
A expectativa é de que a ação da companhia registre uma expressiva queda enquanto o mercado busca entender os detalhes que levaram ao rombo na empresa.
O CEO Sergio Rial, cuja chegada ajudou a impulsionar as ações, informou a saída do cargo. André Covre, diretor de relações com investidores, também deve deixar o posto.
A varejista se pronuncia em call fechada para investidores e organizada pelo BTG Pactual nesta quinta-feira, às 9h.
Para o Bradesco BBI, o anúncio levanta preocupações importantes sobre a credibilidade da empresa e, eventualmente, sobre sua capacidade financeira.
“Esperamos uma grande reação negativa para a ação no pregão de amanhã (quinta-feira). Diante da magnitude do evento e da falta de informações, estamos colocando o papel em análise por enquanto”, disse em relatório assinado por Pedro Pinto e equipe.
Americanas tem inconsistência ‘sem precedentes’
A equipe do Bradesco BBI classificou como uma “inconsistência contábil considerável e sem precedentes” e considerou a notícia “bastante negativa”.
“Nós –e o mercado– ainda carecemos de detalhes para medir efetivamente como, e por quanto tempo, o balanço e o ‘P&L’ (linha final do balanço) podem ter sido deturpados/impactados. O impacto potencial nos resultados futuros também não está claro”, afirmaram em relatório enviado a clientes pouco antes da meia-noite.
Eles ressaltaram que a primeira razão para tal visão se deve à magnitude “anormal”, uma vez que R$ 20 bilhões equivalem a 2 vezes o valor de mercado, 1,3 vez o valor contábil ou 0,6 vez as vendas brutas em 12 meses, “o que sugere que a empresa acumulou muitos erros ou muitos anos de más práticas contábeis”.
“Desnecessário dizer que isso deve gerar um grande sentimento negativo, dado o golpe na credibilidade/governança”, acrescentaram. Os analistas do banco recentemente cortaram a recomendação das ações para “neutra”.
Os analistas do Citi chamaram a atenção ainda para a divulgação da companhia de que os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao conselho de administração que pretendem continuar suportando a empresa.
Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, que assinam o relatório do banco, é muito cedo para dizer se isso realmente se traduz em financiamento –por exemplo, apoiando um aumento de capital.
“Nesta fase, não podemos avaliar o tamanho do passivo real da empresa… Claramente, este ainda é o começo de uma longa e complexa história”, acrescentaram.
Sobe e desce das ações
A ação da Americanas, formada em 2021 com a união das lojas físicas do grupo com a operação online que estava sob a antiga B2W, teve em 2022 queda de 68,7%, em linha com a desvalorização das ações de empresas de tecnologia, diante de desaceleração das vendas, inflação e juros altos.
No terceiro trimestre, a Americanas teve prejuízo de mais de R$ 200 milhões. Em 2023, até a véspera, os papéis acumulavam valorização de 24,35%.
*Com informações da Reuters