Economia

América Latina não tem espaço fiscal para lidar com Ômicron, projeta Capital Economics

29 nov 2021, 14:14 - atualizado em 29 nov 2021, 14:14
“Qualquer mudança para gastos mais elevados pode ser acompanhada por um aumento nos rendimentos dos títulos” (Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov)

O espaço fiscal para os governos dos mercados emergentes, em especial da América Latina, para combater a nova cepa do coronavírus – a ômicron – é limitado, avalia a Capital Economics em um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (29) e obtido pelo Money Times.

“Como já observamos, a maioria dos emergentes na Ásia e na Europa tem algum espaço fiscal. Mas os da América Latina e partes da África (notadamente a África do Sul) precisam apertar a política fiscal de forma significativa para estabilizar os índices da dívida pública”, avalia William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes.

Ele pontua que isso limita o escopo de fornecer apoio fiscal – e qualquer mudança para gastos mais elevados pode ser acompanhada por um aumento nos rendimentos dos títulos, o que faz com que as condições financeiras se tornem mais restritivas.

Por fim, ele lembra do setor de turismo.

“Independentemente de os governos bloquearem sua economia doméstica ou não, um dos desenvolvimentos notáveis após a identificação da variante Omicron é a rapidez com que os governos fecharam as rotas de viagem. Esses movimentos já afetarão as economias da África Austral (particularmente Botswana e Namíbia)”, conclui.

Goldman Sachs

Economistas do Goldman Sachs explicitaram várias possibilidades de reações à ômicron, uma das quais inclui um cenário negativo em que uma grande onda de Covid no primeiro trimestre de 2022 faria o crescimento global se desacelerar para uma taxa anual de 2% em relação ao trimestre anterior: 2,5 pontos percentuais abaixo da previsão atual.

O crescimento geral em 2022 seria de 4,2%, ou 0,4 ponto percentual menor do que o previsto.

Um resultado benigno seria se a nova cepa não for tão perigosa quanto inicialmente temido. Mas seu surgimento serve como lembrete de que a pandemia ainda será uma ameaça para a economia global, potencialmente nos próximos anos.

“Ainda não estamos na estagflação”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do Natixis. “No entanto, mais um ano sem mobilidade transfronteiriça e problemas relacionados na cadeia de suprimentos podem nos empurrar até isso.”

(Com Bloomberg)

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