‘America First’ de comércio dos EUA cria oportunidade para China
Depois de ceder espaço para a China por anos, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se comprometeu a reforçar os laços com a Ásia por meio da doação de dezenas de milhões de vacinas contra a Covid e consolidação dos compromissos militares. Mas, quando se trata da economia da região do Pacífico, Biden enfrenta um impasse.
Enquanto líderes da Ásia-Pacífico se reúnem para uma cúpula econômica anual esta semana, o governo Biden ainda busca articular sua visão econômica para a região, quase cinco anos depois que Donald Trump retirou os EUA de um acordo comercial com 11 nações do Pacífico.
Embora Biden tenha anunciado na semana passada que os EUA estudavam um novo marco econômico para o Indo-Pacífico, deu poucos detalhes sobre como funcionaria na prática.
A China buscou tirar vantagem, pressionando para aderir a acordos antes vistos como veículos que os EUA poderiam usar para estabelecer regras para a região. Em setembro, a China fez um pedido formal de adesão ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês), mas o pacto foi abandonado por Trump.
E, no mês passado o presidente Xi Jinping disse que a China também planeja aderir a um pacto de economia digital que inclui Singapura, Chile e Nova Zelândia, parceiros dos EUA.
“Os EUA, muito mal ancorados no lado econômico da região, estão ficando para trás”, disse Deborah Elms, fundadora do Centro de Comércio Asiático, em Singapura, que tem amplos contatos com empresas e governos da região. “Você tem um governo que está novamente colocando a ‘America First’ usando uma linguagem diferente.”
Para a China, a entrada no CPTPP ajudaria o governo de Pequim a contrapor a percepção de que não cumprirá as regras após vários casos conhecidos de bloqueio de importações durante disputas geopolíticas, incluindo com a Austrália nos últimos anos.
Os líderes em Pequim também querem impedir que Taiwan se junte ao CPTPP e transmitir uma imagem hostil dos EUA depois que o país fechou um acordo com o Reino Unido para fornecer tecnologia de submarinos nucleares para a Austrália, segundo especialistas.