AMER3 tomba mais de 30% em meio a ‘tempestade perfeita’; MGLU3 e VIIA3 disparam
As ações da Americanas (AMER3) voltaram a liderar as perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (16) com os novos desdobramentos da saga dos R$ 20 bilhões em inconsistências contábeis detectados no balanço da companhia.
O papel da Americanas tombou 38,41%, cotado a R$ 1,94. Por outro lado, as ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) dispararam 12,24% e 10,55%, respectivamente.
A relação entre os acionistas e os credores está estremecida, criando um cenário ainda mais nebuloso em relação ao futuro da varejista.
Na sexta, a Americanas conseguiu decisão liminar que a protege por 30 dias contra o vencimento antecipado de dívidas. O prazo permite que a companhia acerte um acordo com os credores ou entre com pedido de recuperação judicial.
Eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências de R$ 20 bilhões, segundo a decisão, “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de R$ 40 bilhões”.
Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a decisão é “bastante danosa” para os bancos, ainda mais se a varejista entrar em recuperação judicial, “uma vez que estes ficam impedidos de executarem a companhia e eventualmente receberão um ‘haircut’ da dívida”.
O BTG Pactual recorreu na Justiça contra a liminar, segundo documentos vistos pela Reuters. Os advogados do BTG argumentam que a liminar determina ilegalmente o estorno de um pagamento feito pela Americanas ao BTG.
Com base em casos anteriores, analistas do JPMorgan estimam que os bancos devem começar a provisionar cerca de 30% da exposição à Americanas, o que pode eventualmente subir, a depender do desfecho de eventual pedido de recuperação judicial.
De acordo com a Genial Investimentos, a Americanas parece estar perdendo todos os seus pontos de valor. O time de análise da corretora destaca a piora na alavancagem financeira, o encarecimento do custo de capital, a compressão das margens e a dúvida que começa a ganhar força quanto ao crescimento de receita a empresa.
Futuro em risco?
Ferrer, da Empiricus, acredita que a Americanas está passando pela “tempestade perfeita”.
O momento operacional “muito ruim” e o ambiente macroeconômico nada favorável jogaram a ação da companhia para baixo, concedendo a ela o título de um dos piores papéis do Ibovespa em 2022 (perdendo apenas para o IRB). A expectativa é de um cenário de manutenção do quadro negativo da economia doméstica, o que, somado ao problema das dívidas, cria um cenário bastante danoso para a reputação do grupo, na avaliação do analista.
“Essa tempestade perfeita que está caindo na Americanas fará ela perder espaço perante as demais competidoras”, afirma. “Dado o contexto de provável pedido de recuperação judicial, acredito que a companhia precisará de alguns anos para ajustar a casa e, com isso, entregará market share para empresas como Mercado Libre (MELI34), Magazine Luiza e Via”.
Com informações da Reuters.