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Amendoim chega à UE praticamente livre de fungo, mas padrão no Brasil deixa a desejar

20 abr 2021, 16:10 - atualizado em 20 abr 2021, 19:57
Bruxelas passou a aceitar a verificação por amostragem dos contêineres, depois de anos fazendo 100% de inspeção por conta do alto grau de aflotoxina, fungo altamente prejudicial à saúde (Imagem/Radu Marcus)

O Brasil melhorou a sanidade do amendoim exportado e ganhou novo status da União Europeia (UE), mas não é garantia de que o consumido internamente siga o mesmo padrão adotado nos lotes embarcados.

Bruxelas passou a aceitar a verificação por amostragem dos contêineres, depois de anos fazendo 100% de inspeção por conta do alto grau de aflotoxina, fungo altamente prejudicial à saúde. A medida, anunciada na segunda (19), deverá atrair mais compradores do continente, com o aval sobre a qualidade do produto nacional.

Os amendoins embarcados, como todos da Cooperativa Agroindustrial (Coplana) – maior fornecedor brasileiro à Europa, segundo o presidente Bruno Rangel – voltaram aos níveis permitidos, os mais rígidos do mundo. Mas, no Brasil, os níveis aceitos de partículas por bilhão (PPB) chegam a 20, contra o total de 4 na UE.

Agora, o amendoim comprado dos ambulantes nos faróis ou naqueles saquinhos comparados para acompanhar a cerveja, o PPB pode bater em 100%.

E para um produto também largamente consumido como insumo industrial, numa base produtiva pulverizada em milhares de pequenos estabelecimentos, imagina-se o grau de dificuldade da inspeção federal de qualidade.

A decisão das autoridades da UE foi comemorada pela Coplana, sediada em Jaboticabal, mas com abrangência numa larga faixa do Norte paulista. Nesta safra, que começou um pouco tardiamente, em março, e vai até o final de abril, são esperados 3,1 milhões de sacas de 25 kgs, base-casca.

É o maior polo produtor do Brasil, enquanto o de Tupã, igualmente em São Paulo, vem atrás.

Renovação da cana

Rangel calcula em 60% exportado, já sem casca e pele (blancheado), beneficiado na própria cooperativa.

Os números são melhores que da safra passada. E dependem, de certa forma, do sucesso da cultura da cana-de-açúcar. O amendoim, de ciclo curto, entra na renovação dos canaviais, quando os produtores retiram as raízes para novos plantios, mais produtivos que a cana velha depois do sexto o sétimo corte.

Quanto maior a área de renovação – o que acontece em períodos positivos para a sucroenergia, devido aos custos -, mais amendoim é plantado. Assim, a Coplana está recebendo o amendoim de mais de 21 mil hectares, em cerca de 100 produtores, e cada vez mais perseguindo os padrões mais baixos de PPB, afirma o presidente.

Acima de 20 PPB, a legislação do Brasil exige que o amendoim vá para a fabricação de óleo.

Tem a concorrência da soja entrando forte em São Paulo, igualmente competindo pela mesma área de cana, mas Bruno Rangel ainda vê o arrendamento de terras para plantio de amendoim pagando mais do que para soja.

“O pequeno produtor de cana é o grande produtor de amendoim”, diz. Ele se refere ao fato de que os mesmos canavieiros arrendam terras para plantio do grão.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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