Ameaça de recessão paira sobre frágil crescimento da Europa
A recuperação da zona do euro da pandemia já mostra sinais de fraqueza antes mesmo de enfrentar as turbulências econômicas que se aproximam.
O perigo de uma recessão surgiu esta semana depois que a Rússia interrompeu os fluxos de gás para a Polônia e a Bulgária, dando uma mostra do que pode estar reservado para a região.
Mas mesmo sem o racionamento de energia que isso poderia provocar, o panorama parece ameaçador, ressaltado pelo crescimento mais fraco do que o esperado divulgado na sexta-feira.
As fábricas europeias sinalizam problemas em meio à inflação recorde e um aperto de oferta persistente, agravado por estritos bloqueios de Covid na China.
Enquanto isso, qualquer recuperação no setor de lazer e viagens por consumidores liberados pela pandemia pode se dissipar, principalmente porque os aumentos de preços afetam a renda. Sem contar que o próprio coronavírus poderia retornar com mais força.
Os mercados financeiros europeus refletem o pessimismo, e economistas do Morgan Stanley estão entre os que veem uma “desaceleração significativa” no segundo semestre. Gigantes corporativos, incluindo a alemã BASF se preparam para “sérias perturbações”, e a OCDE alerta que os governos subestimam o impacto da guerra na Ucrânia.
O que isso sugere é que um ano que começou com a região estendendo seu crescimento além dos níveis pré-Covid, e oferecia a perspectiva de mais ventos a favor da ajuda fiscal da União Europeia, agora corre o risco de se tornar mais um episódio lamentável para o Banco Central Europeu na história da moeda única de frustrantes contratempos para o crescimento.
“A economia pode mostrar resiliência nos próximos trimestres, mas o problema é: o que vai acontecer no final do ano?” disse Anatoli Annenkov, economista do Société Générale em Londres. “Não sabemos o que acontecerá com o crescimento salarial e o estímulo fiscal em 2023, há tanta preocupação com a China quanto com os custos de energia e é fácil ficar pessimista à luz da guerra.”
O principal índice de ações da Europa tem lutado para se firmar este ano e o aumento dos spreads de títulos alimenta preocupações de que a fragmentação retornará à zona do euro.
Os dados do PIB no primeiro trimestre não ofereceram motivo para esperança. A área do euro cresceu apenas 0,2%, menos do que os economistas previam, prejudicada por uma contração na Itália, estagnação na França e crescimento mais fraco do que o esperado na Espanha.
Outros indicadores não são muito melhores. A produção das fábricas e os novos pedidos estão prestes a estagnar, e a confiança das empresas nas principais economias diminuiu desde o início do ano. Isso deixou os serviços arcando com o fardo, prejudicados pela diminuição da confiança do consumidor.
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