Ambev tem trimestre “quase perfeito”, e mercado festeja
O mercado não esperava que a Ambev (ABEV3) fosse entregar um trimestre “quase perfeito”, disse o BTG Pactual (BPAC11). Os resultados divulgados pela companhia ontem pela manhã renovou o otimismo dos analistas sobre o nome.
“O melhor desempenho de vendas levou a Ambev a apostar que o Ebitda consolidado do exercício [2021] ‘deve melhorar para voltar aos níveis de 2019’. Isso não apenas sugere que a Ambev está obtendo resultados mais sólidos com os esforços de vendas e marketing, como o guidance implícito representaria um aumento de cerca de 5% em relação à nossa estimativa abaixo do consenso”, afirmaram Thiago Duarte, Henrique Brustolin, Ricardo Cavalieri e Luiz Temporini, em relatório divulgado pelo banco.
A Ambev encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido ajustado de R$ 2,76 bilhões, volume 124,9% maior em relação a igual período de 2020.
O Ebitda ajustado cresceu 25,9% e atingiu R$ 5,32 bilhões. A margem Ebitda ajustada, embora tenha caído 160 pontos-base, ainda veio acima das estimativas, atingindo 32%.
A receita líquida consolidada teve expansão de 32%, para R$ 16,63 bilhões.
Valuation, o problema do momento
Na avaliação do BTG, as novas ferramentas de gestão de receitas e o lançamento de canais digitais sugerem que a Ambev está construindo uma base sólida para o mercado pós-pandemia. No entanto, falta saber se os níveis vão recuar com a retomada das atividades.
A Ágora Investimentos, embora tenha uma projeção de lucro líquido 14% acima do consenso para 2021, optou pela cautela com os indicadores para 2022. De acordo com a corretora, o consenso das estimativas ainda deve refletir custos mais altos no ano, dada a recente alta dos preços das commodities.
“O consenso das estimativas ainda deve refletir custos mais altos para 2022, dada a recente alta dos preços das commodities”, comentou o time de análise. “Reduzimos as estimativas de Ebitda e lucro líquido em 4% e 13% para 2022, respectivamente, uma vez que agora assumem um aumento de 23% no CPV (custo dos produtos vendidos) por hectolitro para o segmento de cerveja no Brasil (em relação as premissas anteriores), refletindo a recente alta dos preços das commodities (alumínio, milho, cevada etc.)”.
O BTG e a Ágora mantiveram a recomendação neutra para a ação da cervejaria, principalmente devido ao valuation.
“Vemos a Ambev negociando a um P/L (preço sobre lucro) combinado de dois anos de 20,5 vezes, amplamente em linha com a média histórica”, explicaram os analistas da Ágora.
Já a XP Investimentos seguiu com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17,15, apesar da volatilidade no curto prazo. A corretora acredita que as iniciativas inovadoras no portfólio e a adoção da estratégia digital está dando mais frutos, impulsionando o desempenho da empresa.