Ambev, Braskem e C&A revelam a fórmula para serem as empresas mais inovadoras do Brasil

Ambev (ABEV3), Braskem (BRKM3) e C&A (CEAB3) estão entre as 20 empresas eleitas como as mais inovadoras do Brasil, segundo o MIT Technology Review, estudo que avaliou a capacidade de inovação baseada em dados de mais de 1.000 empresas.

Para a realização do estudo, as empresas foram divididas em grupos e analisadas sob quatro perspectivas, sendo elas gestão, marketing, processos e produtos. Durante esse processo, aconteceram entrevistas com os executivos.

Ao todo, mais de mil empresas se inscreveram, de diversos tamanhos e segmentos, de startups a multinacionais.

Para entender como companhias de diferentes setores tem atuado para manter a inovação, o Money Times conversou com representantes de inovação dessas três empresas.

Inovação como um pilar empresarial

Para Adilson Arli, gerente global de inovação aberta da Braskem, a inovação é um pilar estratégico transversal da empresa, que contribui diretamente para soluções ligadas à sustentabilidade.

Arli destaca a existência duas metas da companhia, que são direcionadoras das estratégias de inovação, sendo a naturalidade de carbono em 2050 e a redução das emissões em pelo menos 15% até 2030.

Rudy Cordeiro, CTO e responsável pelo digital e inovação da C&A, também destacou a importância estratégica da inovação para a varejista de moda e o valor das parcerias para as novidades da empresa.

“A gente acredita que é fundamental contar com parcerias, quer sejam de startups ou de grandes empresas para acelerar nossos desafios, porque não temos a pretensão de achar todas as soluções dentro de casa”, afirma.

Gustavo Castro, diretor de inovação da Ambev, afirma que a empresa está vivendo um momento importante de transformação, em que se entende cada vez menos apenas como uma empresa de bebidas e sim como uma plataforma com diferentes negócios, sendo a inovação uma parte essencial para isso acontecer.

Ambev

Em entrevista ao Money Times, Gustavo Castro explicou que a Ambev está cada vez mais focada na expansão do seu ecossistema e investindo em produtos que vão além do portfólio de bebidas, mas que atendem as demandas identificadas no mercado.

“Estamos passando por uma transformação em que as pessoas estão buscando cada vez mais produtos e serviços que enderecem suas necessidades”, explica.

A exemplo disso, Castro destaca a barrinha que Beats, marca da Ambev, lançou no carnaval, que diminui os efeitos do álcool no corpo.

“Beats nasceu de um evento de música eletrônica, ela nasceu da balada, mas a gente entende que as pessoas não querem perder o controle, por isso, criamos uma barrinha de cereal que ajuda a absorver o álcool, para dar aquele famoso equilíbrio”, explica.

Dessa forma, Castro evidencia que, apesar de barrinha de cereal não ser o produto central da Ambev, faz parte da inovação da empresa incluir no portfólio produtos complementares e que atendam essas necessidades.

Outro produto destacado pelo diretor de inovação é a Brahma Duplo Malte, “a maior inovação de produto da Ambev no mundo”.

Castro explica que essa cerveja foi 100% desenvolvida no Brasil e partiu da tendência de “premiunização”, focando na busca dos consumidores por experiências diferentes, mas não tão diferentes do que já estavam acostumados.

Entretanto, há também desafios nos processos de inovação. Para Castro, um dos maiores que uma empresa inovadora enfrenta são as incertezas, visto que são poucas as referências quando se faz algo novo.

“Quando você se propõe a fazer coisas novas, você tem poucas guias. Então é preciso desbravar novas coisas e, com isso, vem muitas questões e incertezas”, explica.

Neste cenário, Castro acredita que três aspectos são muito importantes para uma empresa se manter, de fato, inovadora.

São elas olhar sempre para o futuro, a escuta ativa, buscando não ser uma empresa que sabe tudo, mas sim, que aprende tudo. E por fim, um bom processo de colaboração interna.

Braskem

Adilson Arli destacou a importância do setor de inovação da Braskem para o desenvolvimento de tecnologias que permitam a implementação crescente de ações voltadas para sustentabilidade.

“A gente busca entregar soluções sustentáveis de modo tangível, para acelerar o processo de desenvolver tecnologias disruptivas, novos modelos de negócio e parcerias que nos levem a atingir os nossos objetivos”, explica o gerente global de inovação aberta da empresa.

Sobre os desafios de manter a empresa pensando fora da caixinha, Arli menciona também as incertezas externas, relacionados à economia, mercados e negócios.

Neste sentido, explica que a Braskem busca otimizar os processos de inovação, agir de forma ágil para desenvolver as inovações e colocá-las no mercado o quanto antes.

Para Arli, os processos internos, colaboradores e ações de inovação que impactam primeiramente dentro da empresa são fundamentais para a criação de inovações que serão vistas pelo mercado.

C&A

O CTO e responsável pelo digital e inovação da C&A, Rudy Cordeiro, explicou que o setor de varejo de vestuário é mais conservador e não costumava utilizar tanto da tecnologia, até a chegada da pandemia, que trouxe “luzes e trevas em diversos aspectos”.

Cordeiro explica que a pandemia mudou significativamente o comportamento de compra dos consumidores, mudando um comportamento estável do cliente que ia até à loja e passou a se tornar consumidor de um serviço híbrido, comprando por meio do e-commerce.

Neste cenário, destacou que entender o comportamento do consumidor foi essencial para as estratégias de inovação da C&A e que mudou a forma como a empresa constrói produtos e serviços.

Como exemplo de tudo isso na prática, Rudy Cordeiro explicou que a empresa começou a notar, por meio da análise de dados, que os consumidores gostavam do canal WhatsApp. A partir disso, começaram a explorar esta possibilidade e tiveram retorno positivo.

Em relação às vendas feitas pelo WhatsApp, Cordeiro destaca que o ticket médio é mais alto, o contato com o cliente é mais humanizado e personalizado e, hoje, mais da metade das vendas digitais são pelo canal digital.

Inovação para além dos produtos

Um aspecto evidenciado pelos representantes das três empresas é que a inovação vai além de novos produtos e ações vistas no mercado, mas começa como algo interno.

Adilson Arli, da Braskem, destacou que vê a inovação como uma estratégia transversal, que inclui os processos internos da empresa e os colaboradores.

Para ele, a questão de inovação está totalmente atrelada a carreiras, sendo necessário engajar os colaboradores para que a inovação, em todos os setores, seja possível.

“Para mim, isso é o que está no centro, é um aspecto cultural e ligado às pessoas. A gente tem uma série de programas voltados para diversidade e inclusão, cuidado da saúde mental dos funcionários, flexibilidade de trabalho, de forma a manter um ambiente favorável e criativo”, explica.

Rudy Cordeiro, da C&A, também falou sobre a importância dos processos internos. Para ele, os processos de inovação da empresa são acelerados pela autonomia que é dada aos times para buscar soluções.  Com isso, os colaboradores têm liberdade para entender a comunidade e apresentar novidades.

Por fim, Gustavo Castro, da Ambev, também evidenciou a importância da inovação ser algo transversal em toda a companhia.

Castro destaca justamente que a inovação é muito associada ao que pode ser visto pelo público, mas que, muitas vezes, é algo que ocorre nos processos da empresa.

“Quando a gente fala de inovação da Ambev, lembra muito dos produtos. Mas quando a gente olha para dentro, estamos falando de inovação de processo, que parte desde um supervisor de uma linha de packaging de uma das fábricas, que cria um projeto de uma forma mais eficiente de fazer a operação daquele produto e que a gente aprende e expande para todo o Brasil”, explica.

Planos para o futuro

Os ‘spoilers’ sobre o futuro não são muitos, visto que o detalhe de inovação é trazer novidades para o mercado.

Porém, a Ambev destacou que para o futuro pode ser esperado uma companhia cada vez mais traz soluções que partem de lugares diferentes, buscando fortalecer o ecossistema de bebidas com novas soluções focadas no que o consumidor busca.

A C&A adianta que utilizará cada vez mais a tecnologia como uma aliada para a inovação da empresa, buscando acelerar o surgimento de novas soluções, em busca de fazer o cliente perceber valor nos produtos da varejista.

Focada nos objetivos sustentáveis, a Braskem contou que está buscando trabalhar verticais de inovação com novas tecnologias de reciclagem e conversão de biomassa em novos produtos, além da geração de novos processos.