Ambev assiste de camarote a briga da Heineken para distribuir sua cerveja no Brasil
A cervejaria holandesa Heineken, que chegou no Brasil em 2010 com a compra da Femsa, ainda não consegue distribuir os seus produtos sozinha. E não poderá até 19 de março de 2022, segundo decidiu nesta quinta-feira (31) o Tribunal Arbitral do Rio de Janeiro.
Esta situação acontece porque, quando em julho de 2017 adquiriu a Kirin Brasil (Schin) por US$ 1,2 bilhão, notificou o sistema de distribuição usado por ela, a Coca-Cola, sobre a intenção de encerrar o seu acordo.
A intenção era a de unificar as suas entregas para melhorar o contato com os seus clientes nos pontos de venda o mais rápido possível.
“A Heineken considera que os engarrafadores não tratam a cerveja como essencial e vê potencial de maior produtividade dos vendedores quando estão focados apenas em cerveja (ao contrário de hoje em que vendem cerveja, refrigerantes, sucos e água)”, aponta o analista Alvaro Garcia, do BTG Pactual.
Com isso, desde 2017, a cervejaria vem operando dois sistemas de distribuição distintos no país.
Em nota publicada após a decisão, a Heineken disse que, durante esse período, irá manter o mesmo nível de distribuição das marcas Heineken, Amstel, Sol, Kaiser e Bavaria. Além disso, informou que irá “preparar uma transição tranquila para um sistema de distribuição unificado”.
Ambev de camarote
Enquanto a Heineken cresce no Brasil e chega a 20% de participação de mercado, ela só consegue distribuir sozinha cerca de 30% dos seus produtos por meio da Kirin, a Ambev (ABEV3) consegue fazê-la com 75% dos seus produtos.
“Quando a Heineken sair da rede da Coca-Cola, uma janela é aberta para que a Ambev ganhe participação”, aponta Antonio Gonzalez, do Credit Suisse.
Para o analista, os engarrafadores precisam substituir o volume e terão tempo para encontrar novos clientes.