Ambev (ABEV3) será ‘vítima’ do trio de acionistas de AMER3? Veja o que diz o Credit Suisse
O baque do anúncio da Americanas (AMER3) sobre as inconsistências bilionárias respingou nas ações da Ambev. Apesar disso, as preocupações com ABEV3 são “injustificadas”, afirmam os analistas do Credit Suisse.
Após a divulgação do rombo contábil da varejista, em 11 de janeiro, as ações da cervejaria atingiram a cotação mínima desde julho de 2022, R$ 13,20.
A reação negativa ocorreu porque os três homens por trás da 3G Capital, acionistas de referência da Americanas, detêm participação indireta na cervejaria por meio de sua controladora AB InBev. De acordo com o Credit Suisse, Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles tem 33,47% de participação na ABI.
As analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão, do Credit, afirmam que a Ambev não seria vítima do trio 3G, pois não tem exposição a operações de financiamento de fornecedores.
Além disso, ao contrário da Americanas, a Ambev é uma forte geradora de fluxo de caixa de financiamento (FCF). As analistas afirmam que a empresa tem sólida dinâmica de capital de giro, impulsionando um ciclo de conversão de caixa negativo médio de 125 dias.
Recchia e Sayão também ressaltam que a Ambev vem passando por uma “transformação cultural significativa”, após as mudanças na gestão em 2020. “A empresa está saindo do chamado ‘3G-way’ em direção a um ecossistema triplo saudável e sustentável (consumidor-cliente- fornecedor)”, diz.
E as despesas da Ambev?
As analistas do Credit Suisse afirmam que a maior parte da dívida bruta da Ambev está relacionada à contabilidade de arrendamento IFRS-16 — cerca de 90% no terceiro trimestre de 2022 —, enquanto os empréstimos bancários representam a parte restante.
Em ordem de relevância, a composição das despesas financeiras da Ambev é:
- valor justo das contas a pagar de acordo com os padrões IFRS-13;
- provisões de opções de venda na República Dominicana;
- provisionamento de incentivos fiscais e arrendamentos; e
- juros sobre dívidas.
Trio do 3G pode pedir dividendos para financiar AMER3?
Um questionamento que tem circulado entre os investidores é se os homens da 3G Capital poderiam exigir dividendos extraordinários da Ambev, via AB InBev, para financiar uma possível injeção de capital na Americanas.
Na visão do Credit Suisse, esse cenário é “altamente improvável”, uma vez que o trio 3G está vinculado a um acordo de acionistas (stichting) válido até 2034 e, portanto, sujeito a algumas restrições.
Esse acordo restringe os acionistas a transferir suas participações fora dos cessionários ou afiliados permitidos.