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Ambev (ABEV3) recua após 3T24 morno, enquanto ‘guerra das cervejas’ preocupa; veja 4 indicações para a ação

31 out 2024, 13:25 - atualizado em 31 out 2024, 18:00
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Ambev recua na Bolsa após divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2024 (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

A Ambev (ABEV3) não fez os olhos do mercado brilharem com o balanço do terceiro trimestre de 2024 (3T24). A cervejeira registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,57 bilhões, 11,4% abaixo do resultado registrado no mesmo período de 2023.

Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu 7,3% em comparação com o ano anterior, chegando a R$ 7 bilhões no 3T24. Já a margem Ebitda ajustado foi de 32,0%, ante 32,4% no mesmo período em 2023.

Analistas comentam que os resultados foram ligeiramente positivos, no entanto, abaixo das estimativas em linhas como volume e receitas. O anúncio do programa de recompra de ações foi um destaque positivo para a companhia.

No pregão desta quinta-feira (31), ABEV3 terminou a sessão com queda de 2,24%, a R$ 12,64.



O Ebitda e o LPA (lucro por ação) vieram abaixo das estimativas do BTG Pactual. No entanto, ainda mais importante para o banco, as tendências mais fracas de volume e preços no segmento de cerveja Brasil ressaltam uma deterioração do cenário competitivo.

Para os analistas, esse desafio será o foco dos investidores de agora em diante.

Guerra das cervejas

O BTG comenta que a recuperação da participação de mercado da Ambev desde 2020 foi um “milagre pós-pandemia”, sendo que, a certa altura, ficou claro que a companhia foi a principal beneficiada dos desafios enfrentados pela Petrópolis.

Contudo, a medida que a concorrente se recupera, os analistas veem uma possível perda de participação de mercado que havia sido (re)conquistada. Neste sentido, argumentam que está em teste a qualidade do portfólio, a distribuição e o acesso aos canais.

“Não acreditamos que a estratégia de Petrópolis seja sustentável no longo prazo, mas enquanto estiver ativa, cria-se a sensação de que a guerra de preços no segmento de cerveja Brasil está muito viva, comprometendo o potencial de crescimento da Ambev. Depois de uma forte queda dos múltiplos, não temos razões para apostar em uma reavaliação das ações. Neutro reiterado”.

O Itaú BBA classifica o balanço como misto, tendo em vista que, embora os números gerais tenham ficado aproximadamente em linha com as estimativas da casa, nota que a dinâmica suave da receita líquida na Cerveja Brasil, impulsionada por volumes e preços, pode dar o tom para a tese de investimento no curto prazo.

Em termos de momento, a concorrência parece persistir como um obstáculo, decorrente tanto das estratégias agressivas de preços da Petrópolis no segmento de baixo custo quanto da forte posição da Heineken no nicho premium, avaliam os analistas.

“Apesar dos resultados mistos de hoje, vale a pena notar que o interesse a descoberto da ABEV3 está próximo do nível mais alto dos últimos 12 meses, potencialmente fornecendo uma proteção para o desempenho das ações no curto prazo”.

O BBA tem classificação market perform (equivalente à neutra) para as ações. Com preço-alvo de R$ 15 para 2025.

Analistas do Santander acrescentam que o terceiro trimestre de 2024 foi o ápice dos desafios enfrentados pela indústria, como, por exemplo, perdas de participação de mercado para a cerveja brasileira e declínios de volume
de dois dígitos na Argentina.

Apesar disso, o lucro líquido superou em 15% a previsão do banco, que atribui os resultados financeiros sólidos a monetizações fiscais, resultados financeiros e capital de giro.

“Reiteramos nossa classificação neutra para a Ambev, considerando sua forte geração de caixa, apesar das condições operacionais desafiadoras”.

Surpresas positivas

O BB Investimentos defende que, embora Brasil e CAC (América Central e Caribe) tenham reportado números mais fracos do que as estimativas de crescimento de volume, LAS (América Latina Sul) e Canadá, surpreenderam positivamente, visto que os analistas esperavam retrações mais fortes em termos de volume.

“No geral, entendemos que, na comparação anual, o resultado do 3T24 não teve brilho, com a companhia reportando retração de volume, de margem Ebitda e de margem líquida”.

O BB comenta que ABEV está negociando praticamente no mesmo patamar nos últimos 30 dias, com os investidores aguardando as decisões relacionadas à alocação de capital e distribuição de dividendos aos acionistas, o que deve ocorrer em dezembro.

Neste cenário, entendem que o papel deve seguir pressionado até que haja maior visibilidade quanto às decisões acima citadas.

“Nesse sentido, mantemos nossa recomendação de compra considerando que vislumbramos, no longo prazo, potencial de valorização interessante para as ações da companhia”.

Programa de recompra de ações da Ambev

Também nesta quinta (31), o conselho de administração da Ambev (ABEV3) aprovou programa de recompra de até 155.159.038 ações ordinárias da companhia durante os próximos 18 meses. Considerando o preço de fechamento da ação em 30 de outubro de 2024, a fatia corresponde a aproximadamente R$ 2 bilhões.

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Conforme o comunicado, o principal objetivo é o cancelamento destas ações, sendo que as eventuais ações remanescentes poderão ser mantidas em tesouraria, alienadas e/ou entregues no âmbito dos planos de remuneração da empresa. A companhia tem 4,3 bilhões de ações em circulação.

O programa se encerrará até 30 de abril de 2026. A Ambev esclarece ainda que encerrou o programa anterior de recompra de ações, aprovado em maio deste ano, devido ao atingimento do limite de ações ordinárias para recompra.

Analistas do Itaú ponderam que, embora a recompra de R$ 2 bilhões possa parecer tímida, pode ser considerada o primeiro passo para uma discussão maior de alocação de capital, provavelmente adicionada por potenciais dividendos extraordinários a serem distribuídos até o final deste ano.

“Acreditamos que ainda é muito cedo para assumir que uma otimização da estrutura de capital esteja em andamento e esperamos que essa discussão continue nos próximos trimestres”.

O que fazer com as ações?

Banco/Corretora Indicação Preço-alvo 2025 Potencial*
BTG Pactual Neutra R$ 15 16%
Itaú BBA Neutra R$ 15 16%
Santander Neutra R$ 15 16%
BB Investimentos Compra R$ 16 23,7%

Considera o preço de fechamento do dia 30/10/2024, de R$ 12,93.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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