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Ambev (ABEV3): Proventos de R$ 10,5 bilhões não animam analistas; ‘ficou abaixo do que nós esperávamos’

12 dez 2024, 16:28 - atualizado em 12 dez 2024, 16:28
ambev abev3
Proventos anunciados pela Ambev não animam analistas do Bradesco BBI, Ágora Investimentos e Safra (Imagem: Kaype Abreu/Money Times)

Os R$ 10,5 bilhões em dividendos e juros sobre o capital prórpio (JCP) anunciados pela Ambev (ABEV3) não animaram analistas. Na quinta-feira (11), após o fechamento do mercado, a companhia anunciou o pagamento aos acionistas, com base nos saldos disponíveis no balanço extraordinário de 30 de novembro deste ano.

Ainda, o conselho de administração da companhia aprovou a alteração da frequência de distribuição de proventos, que atualmente ocorre de forma anual, para períodos potencialmente menores. A companhia afirma que a mudança inclui distribuições trimestrais ou em outra periodicidade, em datas e valores a serem aprovados pelo conselho.

Na avaliação de analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI, a distribuição de dividendos da Ambev foi um dos eventos mais aguardados pelos investidores da companhia neste ano, principalmente considerando que uma taxa de imposto de renda efetiva mais alta poderia potencialmente justificar a adição de alguma alavancagem ao balanço da empresa.

“Dito isso, não acreditamos que o anúncio deva desencadear uma postura mais otimista em relação à história de curto prazo da Ambev” avaliam.

Incluindo o programa de recompra de até R$ 2 bilhões anunciado pela Ambev em outubro deste ano e o de R$ 300 milhões anunciado em maio, o retorno total de capital aos acionistas chega a R$ 12,8 bilhões, implicando em uma taxa de pagamento (payout) de 86%, com base no lucro líquido ajustado de 2024 de R$ 14,9 bilhões estimado pelo BBI e Ágora.

“O pagamento total (incluindo dividendos, JCP e recompras) de 86% está praticamente em linha com sua média de 10 anos e se traduz em um rendimento de quase 6%, o que não necessariamente se destaca no atual ambiente de mercado de ações”, avaliam. A magnitude da distribuição ficou abaixo do que os analistas esperavam.

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O que fazer com as ações da Ambev

Para a Ágora e Bradesco BBI, o anúncio de mudança na periodicidade dos proventos deixa espaço para algumas distribuições adicionais relacionadas aos lucros de 2024, no entanto, aind anão enxergam condições externas que possam desencadear uma mudança na abordagem da empresa em relação à estrutura de capital.

“Embora vejamos o valor que as ações da Ambev apresentam em um cenário onde os investidores têm buscado opções mais defensivas, ainda não vemos uma dinâmica que deva desencadear atualizações nas projeções para justificar o recente desempenho, o que continua a dar suporte à nossa recomendação apenas Neutra“, afirmam.

Já analistas do Safra comentam que o anúncio vem em linha com nossa previsão para o ano, mas pode frustrar algumas expectativas mais otimistas de que a empresa aumentaria sua distribuição de dividendos ou talvez até pagasse um dividendo extraordinário para otimizar sua estrutura de capital.

“O lado positivo é que o conselho da Ambev autorizou uma mudança em sua política de dividendos, permitindo o pagamento de dividendos e JCP em períodos mais curtos, como trimestralmente (em vez de anualmente) ou em outra frequência, com valores sujeitos à aprovação do conselho”, destacam.

O Safra mantém a classificação “underperform” (desempenho esperado abaixo da média do mercado, equivalente a “venda”) para ABEV3, uma vez que enxergam um risco significativo para seu poder de lucro devido à introdução de um imposto federal de consumo na reforma tributária, competição acirrada no Brasil, menos espaço para expansão de margem devido aos preços das commodities e câmbio, e fraquezas na Argentina e Canadá.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.