Ambev (ABEV3) mais tech ainda precisa provar que se sustenta, diz BTG
A mudança no direcionamento da Ambev (ABEV3) tem chamado cada vez mais atenção do mercado. Segundo o BTG Pactual (BPAC11), a companhia praticamente “virou os negócios de cabeça para baixo” ao migrar o foco, antes restrito a eficiência, distribuição e escala, para iniciativas orientadas à tecnologia e ao consumidor.
Essa “nova Ambev” tem recebido elogios dos analistas, que veem a cervejaria evoluindo para um modelo que, por meio das plataformas BEES, Zé Delivery e BEES Bank, tenta:
- Liderar e aumentar suas categorias de bebidas;
- Digitalizar e monetizar o ecossistema;
- otimizar as operações.
“As bebidas continuam a ser a alma da empresa. Mas o BEES, o Zé Delivery, a logística, o desenvolvimento da marca e a inovação têm tudo para se basear em um uso inédito de dados, e é aí que a Ambev busca se destacar para criar a plataforma que impulsionará o crescimento nos próximos 20 anos”, afirmam os analistas Thiago Duarte, Henrique Brustolin e Bruno Lima, em relatório divulgado nesta quarta-feira (13).
O time de análise do BTG participou do Investor Day da Ambev, que aconteceu nesta semana.
Apesar do reconhecimento das novas iniciativas, o BTG defende que ainda é preciso entender se elas têm tamanho para compensar a margem de contribuição cada vez menor do segmento principal da Ambev, o de cerveja.
De acordo com o banco, o segmento principal continua sendo fundamental para permitir que a companhia cumpra as expectativas de lucro do mercado, que “consideramos fundamental para o desempenho das ações”.
Para o BTG, 2022 pode ser o ano de insights importantes sobre a recuperação da precificação da Ambev, em um momento de queda de volumes do setor.
Por ora, os analistas mantêm recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 16.
“Ainda estamos do lado cético e preferimos permanecer neutros”, explicam os analistas.
Potencial das plataformas digitais
A BEES, considerada a mais promissora das iniciativas da Ambev, foi responsável pelo avanço na penetração digital da base de clientes da empresa no Brasil, de 9% em janeiro de 2022 para 88,3% em dezembro de 2021.
A plataforma conta com 990 mil compradores, trazendo quase 1 milhão de hectolitros em volumes incrementais.
“A plataforma está reformulando o relacionamento da Ambev com o ponto de venda, com foco em ajudar os clientes, também sustentado por uma melhor execução offline e impulsionando um 20 p.p. Melhoria do NPS“, afirmam os analistas do BTG.
“Ainda mais importante, BEES prepara o terreno para a Ambev alavancar as vendas de produtos 3P, com um mercado total endereçável somente no Brasil estimado em R$ 706 bilhões (excluindo o comércio moderno)”.
O Zé Delivery também está em ritmo acelerado de expansão, destaca o BTG. Atualmente, responde por 6% dos volumes de cerveja da Ambev no Brasil, com o custo por pedido de última milha e incentivos operacionais por pedido caindo, respectivamente, 39% e 47% ao longo do ano.
Isso, somado a um melhor mix de produtos e descontos mais baixos, deixa a administração da Ambev confiante de que a lacuna de rentabilidade poderá ser totalmente corrigida, segundo o BTG.
A fintech da Ambev, o BEES Bank, contempla oportunidades materiais que começam a ganhar relevância e podem chegar a mais de R$ 3 trilhões anuais em volume total de mercado endereçável, afirma o BTG.
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