Ambev: a história de amor com o mercado acabou?
A equipe do BTG Pactual calcula que o mercado pode estar pagando demasiadamente pelas projeções da Ambev (ABEV3), cuja avaliação já chega a superar até mesmo a da sua controladora ABI. O preço-alvo para os papéis foi cortado de R$ 21 para R$ 19. A recomendação é neutra.
Os analistas Thiago Duarte e Vito Ferreira calculam que as ações são negociadas a 22,6 vezes o preço sobre o lucro estimado para 2018, um prêmio para a média de 5 anos, para sua média de 10 anos e até mesmo um prêmio para sua controladora. Os papéis têm queda de 13% apenas em maio, contra 4,6% de baixa do Ibovespa.
“Assim, agora nos perguntamos se os investidores aplicarão a mesma lógica à Ambev que parecem ter começado a aplicar a seus pares globais”, explicam. Esta visão, explica o BTG, é de que os papéis do setor de consumo costumam ser comparados com investimentos de renda fixa. E, com o avanço do rendimento dos Treasuries (títulos de 10 anos da dívida americana), a atratividade relativa do setor perdeu força.
Duarte e Ferreira explicam que a visão mais cautelosa sobre a Ambev encontra apoio ainda nas contínuas quedas de receita, desencadeados pela deterioração da qualidade do crescimento da receita da empresa.
“Acreditamos que o primeiro trimestre foi outro caso, devido às tendências de crescimento da receita líquida no Brasil e ao revés resultante em termos de recuperação da margem operacional”, destacam. A projeção para o Ebitda de 2018 e 2019 foi reduzida em 2%, o que deixa a estimativa do Credit Suisse 5,6% abaixo do consenso neste ano e 6,5% no próximo.