Meio Ambiente

Alvo de críticas, Salles cria programa Floresta+ para promover conservação

03 jul 2020, 12:05 - atualizado em 03 jul 2020, 12:05
Ricardo Salles
Por meio desse programa, países europeus têm dado incentivos financeiros ao Brasil em contrapartida a ações de preservação do meio ambiente (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

Em meio a críticas internacionais ao governo Jair Bolsonaro sobre a gestão da política ambiental brasileira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, editou uma portaria em que cria o programa Floresta+, iniciativa que prevê medidas para combater o desmatamento e inclui repasse de recursos financeiros para quem promover ações de conservação de florestas, conforme publicação nesta sexta-feira no Diário Oficial da União.

O programa pretende estimular o “mercado privado de pagamentos por serviços ambientais em áreas mantidas com cobertura de vegetação nativa” e “a articulação de políticas públicas de conservação e proteção da vegetação nativa e de mudança do clima”.

Entre as diretrizes do Floresta+, está o incentivo à “retribuição monetária e não monetária” por atividades de melhoria, conservação e proteção da vegetação nativa, além de “estimular ações de prevenção de desmatamento, degradação e incêndios florestais por meio de incentivos financeiros privados”.

Em encontro virtual da Cúpula do Mercosul na véspera, o presidente Jair Bolsonaro havia dito que seu governo atua para desfazer “opiniões distorcidas” sobre o país em temas como proteção da Amazônia e índios.

O presidente da França, Emmanuel Macron, tem resistido a subscrever o acordo comercial União Europeia Mercosul que precisa do aval dos 27 países membros da UE para entrar em vigor devido à política ambiental de Bolsonaro.

A política ambiental de Bolsonaro e o desempenho de Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente são alvos constantes de críticas de ambientalistas, especialmente por causa da alta do desmatamento e das queimadas na Amazônia.

O número de focos de incêndio na floresta amazônica do Brasil aumentou 20% em junho e atingiu o nível mais alto em 13 anos para o mês, segundo dados do governo divulgados nesta semana, e especialistas temem que isso sinalize uma repetição do aumento de incêndios florestais de 2019.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou em junho deste ano 2.248 focos de incêndio na floresta amazônica, ante os 1.880 no mesmo mês em 2019.

Desmatamento Amazônia Meio Ambiente
O número de focos de incêndio na floresta amazônica do Brasil aumentou 20% em junho e atingiu o nível mais alto em 13 anos para o mês (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly/File Photo)

Salles tornou-se alvo de críticas ainda mais duras depois da divulgação de um vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, no qual ele defende que o governo aproveite que a imprensa está concentrada na cobertura da pandemia de Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, para “passar a boiada” em desregulamentações ambientais e em outras áreas.

Em entrevista à CNN Brasil na quarta-feira, Salles havia dito que o programa Floresta+ iria prever a remuneração de 500 milhões de reais a quem realizar boas práticas na conservação da Amazônia.

A portaria publicada nesta sexta não cita expressamente valores, mas relaciona como um dos objetivos estratégicos do Floresta+ a implementação como projeto piloto de pagamentos por serviços ambientais do programa na Amazônia Legal com recursos provenientes de pagamentos por resultados de REDD+.

Por meio desse programa, países europeus têm dado incentivos financeiros ao Brasil em contrapartida a ações de preservação do meio ambiente.

A portaria dispõe que os recursos para a execução do Floresta+ poderão ser provenientes de fontes diversas como cooperação internacional, além do fomento às iniciativas de pagamentos por serviços ambientais pelo setor privado.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar