Alvo de Bolsonaro, bancões veem lucro engordar 16%; receitas dobram e dividendos disparam 56%
Os quatro bancões, Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), divulgaram lucro líquido de R$ 90 bilhões no segundo trimestre, segundo dados da Economática/TC, alta de 16% ante o mesmo período.
Já a receita líquida somou R$ 638 bilhões, quase o dobro dos R$ 369 bilhões do ano passado. Os bancos também distribuíram mais dividendos: R$ 34 bilhões, disparada de 56%.
Apesar disso, a inadimplência já começa a dar sinais de piora. O Santander, por exemplo, viu as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) chegaram a R$ 5,75 bilhões, avanço de 72,8% sobre o segundo trimestre de 2021.
Mesmo assim, analistas ainda seguem afirmando que “tudo está dentro do controle”.
A XP ressalta que as maiores provisões para perdas com empréstimos levaram a uma melhora marginal em seu índice de cobertura do Santander para 224%.
No caso do Bradesco, o banco continua apresentando crescimento robusto da carteira de crédito, com a inadimplência ainda sob controle (ainda que com aumento marginal, convergindo para níveis pré-pandemia), escrevem os analistas.
O Itaú também foi destaque positivo, com lucro recorrente de R$ 7,6 bilhões, elevação de 17%.
Para os analistas, apesar do ligeiro aumento da inadimplência para 2,7% (3,0% no Brasil), “ainda o vemos como saudável”.
No banco, onde as provisões atingiram R$ 7,814 bilhões (alta de 61,7%), a indicação é de forte desaceleração da produção de crédito, como parte do esforço para controlar o avanço dos índices de inadimplência nos próximos meses.
Bolsonaro vs Bancões
Irritado com a adesão de empresários à carta pela democracia organizada pela Universidade de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o movimento de oportunista e creditou a participação de nomes ligados à instituições financeiras ao fato do PIX supostamente diminuir o lucro dos bancos.
“Você pode ver que esse negócio de ‘carta aos brasileiros pela democracia’ é os banqueiros que estão patrocinando. É o Pix, que eu dei uma paulada neles e os bancos digitais também que nós facilitamos. Nós estamos tirando o monopólio dos bancos”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
A tese de Bolsonaro, apoiada por alguns de seus ministros como Ciro Nogueira, da Casa Civil, foi desmentida pelo próprio presidente do Banco Central Roberto Campos Neto.
“Quero já dizer que não é verdade que os bancos perdem dinheiro com Pix, inclusive a gente deve em algum momento soltar algum tipo de estudo mostrando isso. Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, o transacional aumenta”, disse em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo dados do próprio Banco Central divulgados nesta terça-feira (9) o lucro líquido dos bancos no Brasil alcançou R$ 132 bilhões no ano passado, alta de 49% em relação a 2020 e de 10% em relação a 2019.
Segundo o BC, “após queda significativa no primeiro semestre de 2020, a rentabilidade do sistema retornou a níveis próximos daqueles observados antes da pandemia” no ano passado.
Já o retorno sobre o patrimônio líquido foi de 15% em 2021, “retornando a níveis pré-pandemia”.
“O crescimento da margem de juros, a redução das despesas com provisões e ganhos de eficiência explicam a melhora dos resultados”, diz o BC.
Números do PIX
Desde que foi implementado, em novembro de 2020, o PIX movimentou R$10.945.555.178,00 em 21.536.034.781 transações. Os números aumentam progressivamente, com o mês de julho batendo todos os recordes tanto em volume quanto em número de transações.
No último mês de registro foram R$ 933.569.120,00 movimentados em 2.068.358.897 transações.
Com Renan Dantas e Matheus Caselato
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