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Alunos devem ficar em universidades mesmo com surtos de Covid-19 nos EUA

31 ago 2020, 12:11 - atualizado em 31 ago 2020, 12:13
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É mais fácil isolar alunos doentes ou expostos e rastrear seus contatos se eles não se distanciarem, segundo epidemiologista norte-americana (Imagem: Unsplash/@mikael_k)

Nos EUA, um consenso está se formando entre especialistas em saúde pública de que é melhor manter os estudantes universitários em campus após um surto de Covid-19 do que mandá-los para casa, como muitas instituições estão fazendo.

É mais fácil isolar alunos doentes ou expostos e rastrear seus contatos se eles não se distanciarem, disse Ravina Kullar, epidemiologista e porta-voz da Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA. Enviar alunos para a casa dos pais ameaça expor outras pessoas na residência e ao longo do percurso, além de impossibilitar o rastreamento de todos os contatos.

“Haverá um surto inevitavelmente”, disse ela. “As faculdades precisam assumir o fardo de manter esses alunos no campus e cuidar deles”.

A Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill foi uma das primeiras a enviar os alunos para casa para completar o semestre remotamente após um surto na escola. A Universidade Towson e a Universidade do Leste da Carolina fizeram o mesmo.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou em 27 de agosto que as escolas do estado devem ativar o ensino online durante duas semanas se registrarem 100 casos ou se 5% da população estiver infectada, mantendo os alunos onde estão enquanto combatem a propagação do vírus.

A Universidade de Notre Dame adotou a mesma estratégia e anunciou na sexta-feira que retomará as aulas presenciais em 2 de setembro.

Para Trump, a decisão de fechar universidades é que pode custar vidas (Imagem: Reuters/Tom Brenner)

O presidente americano, Donald Trump, falou sobre o tema neste mês enquanto defendia a reabertura dos campi, argumentando que mandar alunos para casa após um surto pode colocar seus familiares em risco. “Ao invés de salvar vidas, a decisão de fechar universidades pode custar vidas”, disse ele.

O reitor de Notre Dame, John Jenkins, estava inicialmente inclinado a esvaziar o campus quando o número de casos saltou para 147 menos de duas semanas após o primeiro diagnóstico. Um representante da agência de saúde do condado, Mark Fox, o convenceu antes a implementar aulas remotas e restringir as interações para observar se isso poderia diminuir a propagação.

Notre Dame tinha um plano sólido para reabrir o campus, segundo Fox. O desafio era a magnitude e a velocidade dos casos. A escola aumentou os testes, adicionou mais leitos de isolamento e expandiu o rastreamento de contatos. Juntando esses esforços às restrições severas às interações entre os que vivem dentro e fora do campus, Notre Dame retardou a disseminação de casos nas comunidades em torno da escola.

Nas instituições que enviam alunos para casa, fica mais difícil realizar o rastreamento de contatos, especialmente no caso dos estudantes que vêm de outros estados.

Se os alunos moram relativamente perto ou no mesmo estado, é possível fazer o rastreamento, explicou Howard Koh, que já atuou no Departamento de Saúde dos EUA e é professor da Faculdade de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade Harvard. Se os alunos deixam o estado para ir para casa, o rastreamento se torna menos eficaz. “Isso tornará o trabalho muito difícil, senão impossível”, disse ele.