Aluguéis em alta são inflação com poder para ficar nos EUA
O custo de alugar um imóvel disparou em cidades dos Estados Unidos, o que pressiona o orçamento de famílias de baixa renda e desafia o consenso de que a inflação na pandemia é temporária.
O aluguel nacional mediano subiu 9,2% no primeiro semestre de 2021, de acordo com a Apartament List. Embora parte do aumento reflita a recuperação dos preços que caíram no início da pandemia, a imobiliária diz que os aluguéis estão agora mais altos do que se tivessem permanecido na trajetória pré-Covid.
E ainda estão subindo muito rápido, exatamente quando a maioria dos contratos de aluguel são renovados, o que deixa milhões de inquilinos com despesas mensais mais altas.
Pesquisas do Fed de Nova York e Fannie Mae indicam que inquilinos podem enfrentar aumentos adicionais de 7% a 10% no próximo ano.
Aluguéis mais altos são o tipo de aumento de preços difícil de reverter, ao contrário de muitas pressões que chegaram com a reabertura da economia, como os custos da madeira serrada e carros usados.
Com isso, uma alta sustentada dos aluguéis pode representar um desafio maior para a visão do Federal Reserve – compartilhada pela maioria dos investidores – de que o atual avanço da inflação será transitório.
‘Tendência mais persistente’
“É uma tendência mais persistente que poderíamos observar em outros componentes agora”, disse Sarah House, economista do Wells Fargo & Co. “Quando você assina um contrato de aluguel, em média, é provavelmente por um ano ou mais.”
Outro efeito da inflação dos aluguéis é o aumento das desigualdades no mercado imobiliário, o que eleva as diferenças de renda e riqueza.
A recuperação da pandemia foi classificada “em forma de K” por alguns analistas, porque seus benefícios se concentraram nos mais ricos.
Nos EUA, os preços dos imóveis registraram a maior alta em mais de 30 anos nos 12 meses até abril. O ganho de 15% do índice Case-Shiller de referência durante esse período “se traduziria em um ganho de riqueza de US$ 45 mil para um proprietário típico”, disse Lawrence Yun, economista-chefe da National Association of Realtors