Alto preço do carvão não deve gerar investimento em novas minas
Os preços do carvão estão no nível mais alto dos últimos anos, mas isso não é suficiente para estimular investimentos em novas minas diante dos esforços de governos e instituições financeiras para que o mundo abandone o mais poluente dos combustíveis fósseis.
Os preços sobem da China à Europa conforme a demanda por carvão se recupera do impacto do coronavírus e interrupções temporárias em minas reduzem a oferta.
No entanto, empresas continuam hesitantes em investir em novos projetos devido à dificuldade de financiamento e dúvidas sobre a demanda de longo prazo.
Isso beneficia os lucros de mineradoras, mas vai contra a tendência do ciclo típico das commodities, em que preços altos são um sinal para aumentar a produção e, no longo prazo, trazer o mercado de volta ao equilíbrio.
A atual dinâmica destaca como as metas ambientais estão mudando os padrões de investimento em combustíveis fósseis.
“Esperamos que a maioria das mineradoras de carvão que exportam para o mercado transoceânico busquem absorver o atual aumento dos preços do carvão para reforçar os balanços patrimoniais, em vez de se comprometerem com nova oferta”, disse Viktor Tanevski, analista-chefe da Wood Mackenzie. “Ainda existem projetos que estão em construção ou prontos para construção que podem ser acelerados para aliviar as pressões de preço.”
A forte atividade industrial nas principais economias tem impulsionado o consumo de carvão, enquanto o fornecimento é limitado por várias questões, como fortes chuvas na Indonésia, medidas de segurança em minas na China e greves na Colômbia.
Na Europa, a demanda aumentou de 10% a 15% este ano, pois o inverno mais rigoroso do que o normal esgotou as reservas de gás, de acordo com a Axpo Solutions.
Os futuros de carvão de alta qualidade no porto de Newcastle, na Austrália, subiram para US$ 118,50 a tonelada na quarta-feira, o maior nível desde 2012.
Os preços na China, maior consumidor de carvão do mundo, acumulam alta de 34% desde o final de fevereiro e subiram tanto que o governo considera impor um limite.
Nos EUA, os preços avançaram 3,1%, para o maior patamar desde o final de 2019 nas quatro semanas até 4 de junho na região dos Apalaches, que está mais bem posicionada para aproveitar as vantagens da crescente demanda por exportações.