Criptomoedas

Altcoins e Bitcoin são tão relacionadas assim?

24 fev 2019, 10:05 - atualizado em 23 fev 2019, 23:21

Por Jamil Civitarese/Investing.com

O mercado de criptomoedas ainda é, ao menos no vocabulário e percepção do cidadão comum, o mercado do Bitcoin. Os demais ativos digitais não são tão reconhecidos, se é que a pessoa com quem conversamos sequer sabe de sua existência.

Por um lado, isso pode significar que há fortes chances de contágio entre Bitcoin e as demais criptomomedas; por outro, pode não significar nada posto que não é esperado que pessoas medianas invistam num mercado tão volátil.

Para responder essa pergunta, quatro pesquisadores da PUC-Rio realizaram uma série de testes econométricos e publicaram um artigo no Journal of Behavioral and Experimental Finance. O artigo consistiu em verificar dois fenômenos: “herding” e contágio. Herding, palavra que em inglês remete a rebanho, significa que os ativos perdem um pouco de sua idiossincrasia e andam junto da média do mercado.

Contágio significa que choques em uma moeda se propagam a outras. O objetivo era saber o quanto o mercado se comportava de maneira única e o quanto o Bitcoin era central nesse processo. Tanto herding quanto contágio de Bitcoin foram encontrados em todos os anos avaliados – 2015 a 2018.

Isso sugere que o mercado nesse período ainda agiu de maneira fortemente dependente do Bitcoin. Apesar de não haver estudo que não possa ser questionado – eu gostaria de ver contágio de outras criptomoedas (como Ethereum) nas demais – é uma pesquisa forte que indica elementos perigosos para investidores.

Atualmente, há pouca condição de detectar se alguma altcoin irá se destacar posto que há grandes influências de todas as outras. Sinceramente, creio que as apostas devem ser feitas com base em análise das tecnologias, usabilidade e sentimento, porém a verificação das apostas não é assunto para o curto prazo.

Montar um portfólio de altcoins se torna uma tarefa ingrata nesse ambiente. Creio que, na ausência de elementos empíricos que nos guiem, considerar fortemente o risco de estarmos errados nas nossas premissas é adequado. De maneira geral, um portfólio de altcoins deve considerar as moedas que mais acreditamos, mas também as maiores em termos de capitalização de mercado.

A menos que haja uma falha tecnológica séria que inviabilize o longo prazo desse ativo, não temos muito como considerar que somos tão melhores que o mercado. Esse portfólio pode ser tratado em períodos que o Bitcoin está com boas perspectivas se houver descrença a respeito do Bitcoin vir a ser a maior moeda.

Em resumo, a literatura em finanças pode guiar como nós investimos. A pesquisa dos professores da PUC pode ser lida aqui e o método de contágio pode ser facilmente implementado por qualquer um que tenha feito um curso de introdução a estatística.

Seguir esses indicadores pode ser importante para desenhar algumas estratégias simples para navegar esse mercado confuso, em particular para ver quando vale pensar em alocações mais ousadas em altcoins ou não.

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