Altas de juros no México devem fortalecer peso com carry trade
O rali do peso mexicano, que teve o melhor desempenho entre moedas de mercados emergentes no último mês, está prestes a ganhar mais impulso com prováveis aumentos de juros do banco central do país, enquanto no Brasil as taxas parecem ter atingido o pico.
O peso ganhou 4,2% em relação ao dólar no mês passado, mesmo quando um indicador importante da força do dólar em relação às principais moedas subiu para nível recorde.
A moeda mexicana se saiu bem melhor do que o real brasileiro no período, depois de ficar atrás durante a maior parte do ano.
Isso provavelmente continuará. A curva de swaps no México agora precifica cerca de 1,3 ponto percentual de alta de juros para o resto do ano, com a taxa básica a pouco menos de 10% em dezembro e nenhum corte antes do segundo semestre do próximo ano.
Por outro lado, os mercados brasileiros não precificam praticamente nenhum aumento à frente e mais de 2,5 ponto percentual de cortes em 2023.
Some a isso a incerteza sobre as eleições brasileiras em outubro e as perspectivas para o peso em relação ao real parecem muito mais animadoras.
Embora a Selic esteja atualmente em 13,75%, acima da taxa básica do México, o real já ficou menos atraente baseado na relação risco-retorno, com um carry ajustado à volatilidade atrás do peso.
O peso “se sai bem em termos de carry ajustado à volatilidade”, disseram analistas do Citigroup liderados por Dirk Willer, chefe de estratégia de mercados emergentes, em nota aos clientes. A moeda mexicana também se beneficia de menos “ruído político do que seus pares e um banco central que ainda precisa entregar mais aumentos”, disseram.
Greg Anderson, chefe global de estratégia cambial do Bank of Montreal, tem outra sugestão para lucrar com o aumento de juros no México. Ele recomenda uma posição longa em peso contra o castigado iene japonês.
“Há um carry enorme e a moeda deve se beneficiar desse cenário”, disse Anderson. Até agora este ano, o peso ficou entre as moedas de melhor desempenho e o iene entre as piores.
Essa aposta já é a mais lucrativa entre as principais moedas, rendendo 10,75% no mês passado – incluindo um ganho de 9,75% nos preços à vista e um retorno de carry de 0,9% – superando com folga os lucros de 8,7% e 5,5% dos pares real-iene e dólar-iene. Na quinta-feira, o iene se enfraqueceu além do nível de 140 por dólar para o nível mais baixo desde 1998.
“O México continuará subindo juros”, disse Sergio Zanini, sócio e gerente da Galapagos Capital em São Paulo. “A economia dos EUA é resistente, o que ajuda o peso, e um Fed hawkish versus um Banco do Japão dovish mantém o iene sob pressão.”
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