Economia

Altas de 1 p.p. na Selic são incomuns mas adequadas para agora, mostra estudo do Itaú

28 jan 2025, 12:13 - atualizado em 28 jan 2025, 12:14
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(Imagem: Shutterstock)

A possível decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) tanto em janeiro quanto em março é adequada, sem fechar a porta para novos ajustes da mesma magnitude nas reuniões seguintes, afirma o Itaú BBA.

O ritmo, embora incomum, reflete a necessidade de combater a desancoragem das expectativas de inflação no longo prazo, que tem mostrado deterioração significativa.

Entre dezembro do ano passado e janeiro de 2025, as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em um horizonte de um ano e meio subiram 0,62 p.p.

“Acreditamos que a estratégia ótima de política monetária é o comprometimento pleno com a sinalização recente, mantendo a vigilância sobre a desancoragem de expectativas e reafirmando o compromisso com a convergência para a meta de inflação no horizonte relevante”, afirmam as economistas Julia Gottlieb e Julia Passabom.

Um estudo realizado pelo banco, que analisou 15 ciclos de juros desde outubro de 2002, mostra que movimentos de 1 p.p. ocorreram em apenas 10% das decisões.

Em poucas ocasiões — menos de 10% –, o Copom mexeu na Selic em mais de 1 p.p. A escolha por um ajuste de maior intensidade nos juros foi adotada em momentos de excepcionalidade.

Momentos como março de 2021 e outubro de 2002 são exemplos em que os diretores da autarquia recorreram a essas medidas, respondendo a crises econômicas e políticas que afetavam as expectativas de inflação e a estabilidade do regime monetário.

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A dinâmica dos ciclos da Selic

O estudo do Itaú mostra que os ciclos de alta e baixa de juros são simétricos, com movimentos médios entre 0,50 e 0,75 p.p.

Nos ciclos de alta, a intensidade média dos ajustes foi de 0,68 p.p., com a mediana em 0,50 p.p. Já nos casos de corte de juros, a intensidade média foi de 0,64 p.p. e mediana também de 0,50 p.p.

Ajustes superiores a 1 p.p. foram exceção e geralmente estiveram associados a contextos de crise econômica ou instabilidade inflacionária, sendo que ocorreram em apenas 10% das decisões.

O ajuste de 0,25 p.p. aconteceu em 20% dos casos; de 0,50 p.p. em 40% a 50%; e de 0,75 p.p em 10% a 15%.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.