Alta moderada das vendas de etanol vem da lentidão da economia e não dos preços represados da gasolina
Na parcial de julho das vendas de etanol hidratado está claro que a curva de alta se mantém, revelando que o biocombustível melhorou sua performance na opção do consumidor. Projetado o consumo para o mês cheio, o aumento não será explosivo, mas o suficiente para mostrar que o represamento dos repasses de preços da gasolina nos postos não prejudicou a demanda.
Com base em informações da 1ª quinzena registradas pela Unica, a associação das usinas, a Safras & Mercado prevê quase 1,483 milhão de litros no mês cheio, contra pouco mais 1,469 milhão/l do consolidado em junho.
Outro registro importante são os preços pagos pelas distribuidoras, que indicam elevação. Pelo Cepa/Esalq, na semana concluída em 24 de julho, o litro subiu na 2,55% na porta da indústria, ficando em R$ 1,6620 líquidos, na ponderação média livre de impostos e fretes. No levantamento da Safras & Mercado, o valor completo na distribuidora, base Paulínia, está em torno dos R$ 2,08.
Se houve, portanto, essa expansão, direcionada pela procura das distribuidoras, é porque a demanda na ponta da cadeia se justifica, com o qual concorda Maurício Muruci, o analista da Safras. E o ganho da usina na semana passada vem depois de outras duas semanas de melhora também.
O cenário está longe de alcançar os níveis de vendas antes da pandemia, que batiam os 1,8 milhão mensais, em média, mas não corrobora notícias que circulam falando que os produtores de etanol estão sendo prejudicados com os postos segurando os preços da gasolina, após três aumentos da Petrobras (PETR3; PETR4) nas refinarias este mês.
A manutenção do combustível nas bombas se dá por conta do mesmo cenário de alta moderada das vendas etanol (desde maio até), sob impacto da economia recessiva e se abrindo em lentidão, reforça Muruci.
A tendência de melhora, no entanto, está dada, o que leva Maurício Muruci concluir: “Temos falado desde o início de junho que em novembro a situação da demanda vai estar praticamente normal”.