Alta dos juros também terá impacto no crédito imobiliário
A aceleração do ciclo de alta da Selic deve detonar uma nova rodada de aumento das taxas de juros dos financiamentos imobiliários em breve, segundo representantes do mercado. Portanto, a tendência é que haja uma desaceleração no ritmo dos negócios daqui para frente.
A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) estima que os juros dos empréstimos subam da faixa atual de 7% a 8% para 9% ao ano entre o fim de 2021 e começo de 2022. Neste semestre, bancos privados como Bradesco, Itaú e Santander já elevaram as taxas duas vezes.
“Um novo aumento vai tirar uma parte das pessoas do mercado. A prestação pode não caber mais no bolso. Mas, ainda assim, será uma taxa palatável”, ponderou a presidente da Abecip, Cristiane Portella.
A Abecip projeta um crescimento de 57% no volume de empréstimos neste ano, chegando ao recorde de R$ 195 bilhões. De janeiro a setembro, os financiamentos já totalizaram R$ 155 bilhões. Para o ano que vem, a expectativa é de desaceleração, com uma alta próxima de 10%, já considerando taxas maiores. “Será um resultado positivo. Vamos ver um crescimento em cima de uma base muito parruda”, ressaltou.
O diretor executivo do Bradesco, José Ramos Rocha, também acredita em elevação das taxas e em uma desaceleração do mercado de crédito imobiliário. No entanto, avalia que o setor está longe de entrar numa crise. “Olhando para 2022, estamos muito otimistas. Talvez não se mantenham os níveis de crescimento que tivemos em 2021, mas serão ainda muito positivos”, disse.
Mesmo que a Selic chegue aos dois dígitos, Rocha espera que o crédito para setor não suba no mesmo ritmo. Isso porque essa modalidade de financiamento tem muito apelo entre os bancos por fidelizar os clientes por vários anos, estimulando a competição.
“Se a taxa não subir para a casa dos dois dígitos, terá um efeito psicológico importante na decisão do tomador em querer financiar o seu imóvel próprio. Mas, se tivermos uma mudança para um cenário muito mais adverso do que o atual, talvez as pessoas e as empresas recuem em suas decisões de investimento.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.