Alta do café no mercado internacional chama a atenção dos investidores
Por Barani Krishnan/Investing.com
Longe das emblemáticas rodas de negociação de petróleo e ouro na bolsa de Nova York, algo com aroma forte está chamando a atenção dos investidores de commodities: o arábica.
Desde as mínimas de seis semanas há apenas quinze dias, o café arábica se valorizou mais de 6% em três pregões seguidos na ICE Futures dos EUA, fazendo com que a commodity se aproximasse da máxima de três semanas.
O rali está sendo impulsionado pela movimentação técnica favorável, assim como pelas más condições climáticas e pelo estresse nas plantações, dois fatores que podem restringir a supersafra deste ano no maior país produtor do grão, o Brasil.
Uma histórica de dois cafés
Provando que nem todos os grãos de café são iguais, o robusta de Londres está enfrentando dificuldades para empreender um rali semelhante. Cultivado principalmente no Vietnã e negociado na Bolsa Internacional de Futuros Financeiros e Opções de Londres (LIFFE, na sigla em inglês), os futuros do robusta fecharam em alta apenas duas vezes nos últimos seis pregões, sem muito destaque.
Jack Scoville, autor do relatório diário sobre café e outras commodities agrícolas da corretora Price Futures Group, em Chicago, ressalta como as tendências divergentes no arábica e no robusta podem oferecer boas oportunidades para os investidores do café:
“As tendências em Nova York são de alta, enquanto, em Londres, ainda são de baixa em grande medida.”
Scoville afirma que a recente valorização do real brasileiro foi outro fator favorável para o arábica, em razão da considerável influência que a moeda teve nos preços dos produtores de commodities no país. O real começou a se valorizar frente ao dólar, segundo a cooperativa brasileira de café Cooxupé, depois de já ter vendido a maior parte ou todo o abastecimento anterior.
O clima também teve um papel importante. As expectativas de boa floração e grande safra no Brasil foram frustradas pelo clima extremamente frio e pelas condições secas no início do ano, o que, segundo Scoville, pode ter estressado as plantações e prejudicado o potencial de produção para todo o ano.
Recomendação de “forte compra” para o arábica
No pregão de terça-feira na ICE de Nova York, o contrato de arábica com vencimento em dezembro fechou a 98,90 centavos por libra, uma alta de 3,3% no acumulado da semana, depois de um ganho 2,1% na semana anterior. Mas, no acumulado do ano, o grão registrava uma perda de 3%.
A tendência de alta estabelecida no arábica parecia em linha com as previsões feitas pelo J.P.Morgan:
“Os mercados do café arábica podem estar prestes a mudar de sinal negativo para positivo. O impacto de modelos seguidores de tendência não deve ser subestimado nos mercados agrícolas.”
Eric Scoles, estrategista de mercados de commodities da RJO Futures, em Chicago, declarou que assessores de negociação em commodities defendiam grandes posições líquidas vendidas em arábica, “o que cria condições para o fechamento dessas posições e a sustentação da alta dos preços se o sentimento mundial continuar otimista”. Scoles disse ainda:
“Os spreads de calendário também estão ficando rapidamente menos negativos, o que é um bom sinal de que a dinâmica de oferta/demanda está mudando para a alta”.
“Embora fatores climáticos positivos para as safras dos próximos anos favorecessem posições de venda dos fundos e pressionassem os preços ainda mais, a conversa deve começar a mudar para os fundamentos de curto prazo.”
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com recomenda “Forte Compra” no arábica, definindo resistência a 99,90 centavos por libra. Observa também que o arábica rompeu a maioria das barreiras de preço nos últimos dias e estava sendo negociado acima da média móvel de 200 dias. De acordo com Scoles:
“Se as notícias continuarem sendo positivas e virmos uma situação de restrição de oferta, o arábica pode apresentar bom desempenho para os investidores.”
Recomendação de “Venda” para o robusta, em razão do estoque no Vietnã
No caso do robusta, o contrato com vencimento em janeiro na LIFFE fechou o pregão de terça-feira em Londres a US$ 1.216 por tonelada, registrando um ganho de 3% no acumulado da semana, após uma queda acumulada de quase 9% nas três semanas anteriores.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com recomenda “Venda” para o robusta, prevendo suporte a US$ 1.179 para o contrato de janeiro. Segundo Scoville:
“A expectativa é que as plantações no Vietnã sejam grandes apesar de algumas condições de cultivo heterogêneas neste ano. As lavouras têm enfrentado clima intermitente, com calor e tempo seco em alguns momentos e fortes chuvas em outros. As condições gerais de cultivo estão melhores neste momento.”
Ele afirmou que as exportações vietnamitas do robusta também continuam com atraso de um ano. “O mercado espera ofertas maiores, já que os produtores e comerciantes precisarão abrir novos espaços de armazenagem. Eles devem fazer isso vendendo o café de safras passadas a preços menores.”