Alta de juros na Europa pode intensificar fuga de capital no Brasil; entenda
Na quinta-feira (21), o Banco Central Europeu pode elevar a sua taxa de juros pela primeira vez em 11 anos para tentar controlar a inflação, que atingiu a sua máxima histórica. Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) foi de 8,6% em 12 meses.
No mês passado, o BCE sinalizou que planejava um reajuste para setembro. No entanto, a expectativa do mercado é que o aperto monetário chegue um pouco antes – mesmo que em doses moderadas de 0,25 ponto percentual a 0,5 pp.
Por mais que a Europa não seja o principal parceiro econômico do Brasil (a China e os Estados Unidos estão na frente), uma alta nos juros na Zona do Euro afeta a economia brasileira.
De acordo com André Damasio, assessor de investimentos especialista em renda variável da WIT Invest, a alta nos juros vai gerar uma desvalorização do euro. Vale lembrar que a moeda já está em movimento de queda, tanto que na semana passada ela atingiu a paridade com o dólar pela primeira vez em 20 anos. E a valorização do dólar vai chamar a atenção do mercado.
“Em cenário de investimentos, um movimento global de subida de juros leva os investidores a migrarem de renda variável para a renda fixa. Além disso, os investidores vão buscar por locais mais seguros. Por isso, acontece uma fuga de capital de países emergentes para países desenvolvidos com moedas mais fortes. E nós vamos ver essa fuga se intensificar, principalmente para os Estados Unidos”, afirma.
Além disso, André destaca que vai pesar no mercado o comportamento do BCE. “É um dos maiores Bancos Centrais do mundo reconhecendo a crise inflacionária, reconhecendo que não está conseguindo lidar com as altas nos preços e que está à beira de uma recessão.”
E esse cenário de deterioração da economia europeia deve se manter por um tempo, porque o BCE tem um histórico de agir mais tarde que os seus pares. As decisões da autoridade monetária costumam ser mais brandas porque envolvem muitos países com indicadores e economias diferentes. “Eles não podem fazer manobras bruscas, porque países com a situação de dívida mais delicada, como Espanha, Grécia e Itália, podem afundar”.
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